O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-ES e da Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos (SEEA) enviaram um documento para o Governador do Estado, o Ministro da Agricultura e o Presidente da República com parecer contra a importação de grãos de café Conilon do Vietnã. O documento tem base no relatório do Grupo Técnico de Especialistas em Cafeicultura Conilon (GTEC Conilon).
O relatório gerado pelo GTEC Conilon é resultado da visita de profissionais do Espírito Santo e do Sul da Bahia, além de produtores rurais, de 02 a 09 de novembro do ano passado, ao Vietnã. A partir dele, as entidades agronômicas capixabas elaboraram o documento, que aponta os malefícios da importação como riscos sanitários (fitossanitária) de contaminação com fungos e bactérias que podem ameaçar a segurança alimentar do consumidor e a produção de café no ES e no país.
Para o coordenador da Câmara Especializada de Agronomia (Ceagro) do Crea-ES, Eng. Agrônomo Jorge Luiz e Silva, inibir a importação é a alternativa diante dos riscos à produção de café. “Em viagem ao Vietnã para conhecer a cafeicultura dos cafés Conilon/Robusta, no ano passado, foi constatado que as lavouras tinham prejuízo com nematóides. Por isso, precisamos inibir a importação e garantir proteção fitossanitária e segurança alimentar, para evitar que as pessoas se alimentem de pragas e fungos”, enfatiza.
O presidente da SEEA (Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos), Eng. Agrônomo Geraldo Fereguetti, pondera sobre as dificuldades para o setor. “Antes de importar é preciso fazer uma análise de risco das pragas que existem no Vietnã para sabermos qual impacto será no país. As fronteiras não bloqueiam de maneira segura essas doenças. Se importarmos o café estaremos abrindo as portas para aumentar o risco de contaminação”, diz.
A Lei de Sanidade Vegetal, proposta pelo Ministério da Agricultura, que garante a proteção ao território nacional contra a entrada e a dispersão de pragas, é citada no documento com parecer contra a importação. A cafeicultura capixaba representa 35% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do Estado, envolve hoje mais de 130 mil famílias e gera, aproximadamente, 400 mil postos de trabalho, diretos e indiretos.
O presidente do Crea-ES, Helder Carnielli, destaca a importância do setor para a agricultura capixaba e brasileira. “O Espírito Santo é hoje o segundo maior produtor de café Conilon. A mobilização das entidades é para assegurar alternativas que possam agregar à produção e promover o crescimento ao invés de incentivar o retrocesso”, pondera.
No final do ano passado, o Ministério da Agricultura autorizou a importação do Conilon considerando a falta do grão para a indústria, que agora está suspensa.
Visita Técnica ao Vietnã
Abaixo, alguns trechos do relatório do Grupo Técnico de Especialistas em Cafeicultura Conilon – GTEC Conilon, uma iniciativa da Syngenta Proteção de Cultivos LTDA, que reuniu profissionais do Espírito Santo e do Sul da Bahia, além de alguns produtores rurais, que realizaram visita no período de 02 a 09 de novembro de 2016, na cidade de Buon Ma Thuot, província de Dak Lak, Vietnã.
Sendo o Vietnã o maior produtor de café robusta do mundo, o objetivo do grupo foi de prospectar informações relevantes desta cafeicultura e que ajudem a sustentar as diversas estratégias de progresso do Café Conilon Brasileiro.
Mais de 20% de toda a cafeicultura é formada por lavouras com mais de 25 anos, evidenciando ser antiga e que necessita de renovação. Um dos gargalos na renovação é o problema com nematoides (Pratylenchus coffeae e Meloidogyne inconita) que interferem diretamente no início da formação da lavoura.
Devido ao grande desafio enfrentado pelo cafeicultor no momento da renovação do cafeeiro em virtude do alto índice populacional de nematóides (Pratylenchus coffee e Meloidogyne incognita), percebeu-se uma grande preocupação do instituto nacional de pesquisa local (Wasi), recebendo inclusive fomento de empresas privadas (Nestle) do setor, a fim de desenvolver novos materias genéticos que mostrem alguma tolerância ou, possível resistência, bem como diversos tipos de manejos (solo, sucessão com outras culturas, alqueive, enxertia em materiais tolerantes – “escelssa”) a fim de proporcionar maior possibilidade de sucesso no momento da renovação.
Crea ES