Discussão foi conduzida pelo instrutor de qualidade do café, Joel Shuler
No terceiro dia do 2º Encontro Brasileiro de Degustadores de Cafés, que acontece em São Gabriel da Palha/ES, estiveram em pauta as contribuições dos profissionais para a cafeicultura brasileira. A discussão foi conduzida pelo instrutor de qualidade do café, Joel Shuler, que apresentou a palestra intitulada ‘O papel do degustador na cadeia produtiva do café’.
Adepto da filosofia “todo mundo merece um bom café” o profissional, que é norte-americano e mora no Brasil, considerou que a parceria entre degustadores e produtores de café tem papel fundamental dentro da cadeia cafeeira, uma vez que é capaz de agregar valor em toda a cadeia de suprimentos, ao fornecer um elo entre o produtor e o comprador ou torrefador. “O degustador traz respeito ao produtor ao avaliar a qualidade e descrever o sabor do seu produto”.
Para acompanhar as novas exigências do mercado, que tem se tornado cada vez mais consciente no que se refere à qualidade do café, é preciso que os diversos profissionais da cadeia acompanhem essa mudança. Presente no evento e compartilhando dessa opinião, o classificador e degustador paranaense, José Eli Ferrari, que atua há mais de 40 anos na profissão, assegura que é fundamental trazer os diversos atores do setor para a discussão. “Reunir as diversas lideranças e debater os vários aspectos do mercado é o único caminho para abrir novos espaços”.
Ainda durante o painel, Shuler defendeu que os produtores brasileiros têm buscado formas de impactar o sabor dos cafés produzidos. Segundo ele, nos últimos vinte anos, nenhum país avançou tanto no que se refere a cafés especiais quanto o Brasil.
Reforçando essa colocação, o Diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), Vinicius Estrela, confirma que o Brasil realmente conduziu uma revolução interna de apresentação do café de qualidade junto aos produtores. “Temos buscado convencer o produtor brasileiro de que vale a pena investir em qualidade. Para isso lançou-se a mão de alguns mecanismos, como a criação e participação de concursos, capacitação e criação de protocolos de avaliação desses cafés especiais. Seguramente, nesses 20 anos é possível ver uma presença maior dos cafés especiais na vida do brasileiro, seja do produtor, ou seja do consumidor”.
PROGRAMAÇÃO VARIADA
Ampliando as discussões, aconteceu a Mesa Redonda ‘Novos Protocolos de Avaliação de Cafés, mediada pelo pesquisador e professor do IFES, Lucas Louzada Pereira.
“A discussão sobre os novos protocolos da indústria foi importante para entender que existem os cafés de especialidade e o que são consumidos diariamente e que também são cafés com qualidade. Cada protocolo, cada metodologia, carrega a sua característica para atender a demanda da indústria, a demanda do consumo. Por isso, existe necessidade de uma metodologia que padronize e informe os profissionais, para que se possa ter conformidade e controle de processos, mas que também ofereça informações ao consumidor, em relação ao produto que está chegando na prateleira”, explica Louzada.
Na sequência, foi realizada a Mesa Redonda ‘Momento das Indicações Geográficas do Brasil, moderada pelo pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves. “ Essa mesa redonda discutiu a importância da valorização da diversidade da cafeicultura brasileira, que é exatamente o tema do evento. As indicações geográficas são uma forma de reconhecimento da excelência que existe no campo. O Painel aconteceu justamente para discutir a importância dessa valorização, que não trata de aspecto financeiro, mas sobre qualidade de vida, aspectos sociais e culturais”, esclarece Alves.
O 2º Encontro Brasileiro de Degustadores de Cafés acontece entre os dias 17 e 20 de outubro e recebe o apoio das instituições Cooabriel, Prefeitura Municipal de São Gabriel da Palha, Sicoob–ES, Sistema OCB-ES, Incaper e SEAG, para organização e realização do evento.
Cooabriel