A Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), pioneira em produção de ovos no estado e a maior cooperativa agropecuária capixaba inaugurou, no dia 22, o primeiro “Condomínio Avícola para postura comercial” do Brasil. O projeto é uma iniciativa inédita, que está sendo implementada em Alto Caldeirão, no município de Santa Teresa, e consiste no alojamento de aves com cotas de participação dos pequenos produtores, em um segundo momento.
Com investimento de R$ 6,5 milhões, inicialmente serão alojadas 100 mil aves no local. A propriedade tem capacidade para alojar até 2,2 milhões de galinhas. O objetivo é construir os demais galpões de acordo com a demanda de aquisição das cotas por parte dos cooperados.
“Com essa iniciativa, a Coopeavi reafirma o seu compromisso de contribuir para a sustentabilidade da avicultura para os pequenos avicultores, com a padronização de qualidade e de volume ofertado ao mercado, fortalecendo assim todos os elos da atividade”, destaca Denilson Potratz, Vice-presidente da Coopeavi.
Este novo empreendimento funcionará no sistema de condomínio, ou seja, cada cooperado interessado poderá adquirir uma cota de galinhas a ser alojadas nos galpões automáticos construídos pela cooperativa. A expectativa é ter um segundo galpão em atividade, com 100 mil aves dos cooperados, no início de 2017.
De acordo com o “Perfil da Avicultura Capixaba”, publicado no início deste ano pela a Associação de Avicultores do Espírito Santo (AVES), 70% dos produtores são classificados como micro produtores e os mesmos são atendidos pela Coopeavi. O Condomínio foi um investimento idealizado pela cooperativa para padronizar o manejo e garantir uma escala de produção para viabilizar o atendimento da demanda de mercados.
Este novo modelo de negócio possibilitará a diversificação da atividade rural dos cooperados que atuam em outros segmentos do agronegócio como cafeicultura, hortaliças, bovinocultura de corte ou leite, entre outros. Todos os cooperados, independente do seu negócio rural, poderão adquirir cotas e se tornar avicultores sem a necessidade de imobilizar capital em estrutura avícola, adaptar a propriedade às exigências legais ou até mesmo ter conhecimento aprofundado em avicultura. A cooperativa fornecerá todos os insumos para a atividade (frangas, rações, medicamentos e consultoria técnica), realizará o investimento na infraestrutura necessária (instalação de galpões, aquisição de equipamentos e contratação de mão de obra), fará todo o manejo, processará a produção em seu Entreposto e realizará a comercialização dos ovos, prestando contas mensalmente aos cooperados investidores acerca do desempenho econômico e também zootécnico do lote de aves.
Os avicultores interessados em fazer parte do novo empreendimento já podem procurar a cooperativa para conhecer as regras de investimento.
Automatização
Um dos principais problemas enfrentados em atividade de produção em larga escala é a mão de obra. Por isso, toda a produção do novo empreendimento é automática, desde a coleta de ovos até a secagem do esterco. Todos os ovos são transportados por esteiras mecânicas até a sala de embalagem. A redução da mão de obra é de aproximadamente 90%, se comparado com os sistemas convencionais em galpões californianos.
Já o esterco é retirado também por uma esteira diariamente e secado dentro da mesma propriedade em uma unidade de compostagem de última geração. O processo de secagem é feito por um misturador programado para revolver todo o material e prepará-lo para ser transportado para as propriedades agrícolas. O fertilizante produzido em granjas é muito procurado na região por ser de altíssima qualidade para uso em cultivos de hortaliças e outras culturas.
Meio Ambiente
Seguindo rigorosamente as determinações da legislação ambiental e preservando as peculiaridades ambientais locais, o Condomínio Avícola Coopeavi, possui gerenciamento de resíduos sólidos, sistema de tratamento de efluentes, drenagem de águas pluviais e armazenamento de água da chuva. Dentro da propriedade de 62 hectares foram construídas várias caixas-secas para evitar erosões e reter a água da chuva para abastecer o lençol freático da localidade.
Um investimento participativo desde o início
O início do empreendimento aconteceu diretamente com a participação coletiva. A ideia inicial de viabilizar um sistema de condomínio como investimento estratégico dentro da cooperativa partiu de um cooperado. O avicultor Horácio Muller sugeriu à cooperativa que desenvolvesse uma solução para manter o sonho vivo do pequeno produtor continuar competitivo na atividade. Com isso, iniciou dentro da cooperativa um estudo de viabilidade para avaliar a sugestão. Em 2014, a cooperativa fez a busca por um terreno capaz de atender todas as exigências para iniciar a construção do primeiro sistema de condomínio avícola para produção de ovos do Brasil.
“Vejo como uma grande oportunidade de as pessoas revitalizarem a avicultura. O (projeto) realizado ficou muito maior do que aquele sonho, daquela ideia inicial, é gratificante ver o empenho das pessoas para fazer isso virar uma realidade”, comenta Muller.
Para ele o setor avícola é um ramo muito caro, desde a construção de um galpão dentro das exigências dos órgãos públicos até a manutenção das aves em produção, mas com a união das pessoas por meio do cooperativismo é possível realizar investimentos mais ousados para viabilizar a permanência dos sonhos de pequenos produtores.
“O papel do cooperativismo é fundamental, eu não vejo a possibilidade de participar e ter um investimento da magnitude dessa aqui sem a união, o custo é muito elevado, no entanto, a união abre as portas e facilita para todas as pessoas interessadas”, explica. “Construir tudo isso é a parte mais difícil, agora cabe a nós cooperados aproveitar para se estruturar no que está aqui”, sintetiza Muller.
Domicio Faustino Souza