Café: Entramos no segundo ano de produção global abaixo do consumo mundial

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Com o consumo em alta há vários anos e a produção de café enfrentando seguidos problemas climáticos nos principais países produtores, entramos no segundo ano em que a produção global ficou abaixo do consumo mundial. Segundo a OIC – Organização Internacional de Café o consumo de café está crescendo 1,5 a 2% ao ano em um mercado que este ano ultrapassou a marca de 150 milhões de sacas.

Esta semana os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque trabalharam em alta e os com vencimento em dezembro próximo acumularam ganhos de 655 pontos. Ontem a OIC informou que as exportações globais de café recuaram 22,01% em julho passado quando comparadas com o mesmo mês de 2015. Outro assunto bastante comentado pelos operadores foi a baixa qualidade da primeira florada de 2016 nos cafezais do sudeste brasileiro e a falta de chuva em quantidade suficiente para que essa florada vingasse.

Esse assunto ser tão comentado sempre nos surpreende, pois daqui para frente, como todos os anos, os cafezais brasileiros entram no período de floradas e certamente teremos mais algumas nos próximos meses. Esse fato corriqueiro acaba sendo usado para especulações de curto prazo no mercado futuro, mas a verdade é que depois de dois anos de sérios problemas climáticos e terminando a colheita de arábica de um ano de ciclo alto, grande parte dos cafezais brasileiros está exaurida e precisamos que o período de chuvas chegue com abundância e o mais rápido possível para que tenhamos no próximo ano uma safra de arábica de ciclo baixo razoável.

Como nossa próxima safra de conilon já está comprometida pela persistente seca no Espírito Santo e sul da Bahia, as chuvas, se chegarem na hora certa, apenas farão com que tenhamos uma safra de café razoável em 2017, mas certamente abaixo da produzida este ano. Segundo os agrônomos brasileiros, por mais chuvas que venham a cair, não há possibilidade de nossa próxima safra ser maior que a atual, em término de colheita.

Enfrentando seguidos problemas climáticos, o Brasil, maior produtor de café do mundo, responsável por quase 40% do abastecimento mundial de café, para atender seu consumo interno, o segundo maior do mundo, e seus compromissos na exportação, esgotou seus estoques de passagem e passou a depender apenas de sua safra anual. A deste ano ficou um pouco abaixo do mínimo necessário e o governo federal está leiloando o que resta de seus estoques para que possamos atender consumo interno e exportação. A safra do próximo ano será menor do que a atual e não teremos nem esse final de estoque governamental.

Em nossa opinião, as bases de preço na ICE refletem apenas interesses de curto prazo dos operadores e não o desequilíbrio entre produção mundial e consumo.

O The Wall Street Journal publicou esta semana uma matéria sobre o aumento na produção de café na África. A produção de todo o continente africano na safra 2015/2016, somando arábica e robusta, foi de 12,91 milhões de sacas. A produção de todo o continente africano compete com a do Espírito Santo em ano de condições climáticas normais.

Até dia 01, os embarques de agosto estavam em 2.018.442 sacas de café arábica, 32.768 sacas de café conilon, mais 246.506 sacas de café solúvel, totalizando 2.297.716 sacas embarcadas, contra 1.796.459 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 01, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 3.045.259 sacas, contra 2.226.090 sacas no mesmo dia do mês anterior.

Até dia 01, os embarques de setembro estavam em 960 sacas de café arábica, 1.280 sacas de café conilon, totalizando 2.240 sacas embarcadas, contra 12.112 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 01, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 91.656 sacas, contra 32.762 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 26, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 02, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 655 pontos ou US$ 8,66 (R$ 28,08) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 26 a R$ 626,94 por saca, e hoje dia 02, a R$ 649,28 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou inalterada em reação a ontem.

Escritório Carvalhes

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