Consumo de café volta a crescer

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Em 2007, pelo quarto ano consecutivo, o consumo de café no mercado interno manteve o ritmo de crescimento. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os brasileiros consumiram 17,1 milhões de sacas do produto, entre novembro de 2006 e outubro do ano passado. O volume representou um incremento de 4,74% em relação aos 11 meses anteriores. Para o diretor-executivo da entidade, Nathan Herszkowicz, a demanda vai continuar em alta, no decorrer de 2008, mas com um diferencial: os brasileiros vão optar cada vez mais pelos cafés de qualidade superior.


 


“O aumento verificado no mercado brasileiro representa um volume de 800 mil sacas de café em um contexto mundial de crescimento de consumo da ordem de 2 milhões de sacas. Essa é uma situação festejada internacionalmente pelos países produtores de café porque sinaliza com menos excedente de grãos no mundo. Em função disso, as cotações do produto no mercado externo não tendem a cair”, explicou.


 


Renda


 


O aquecimento da economia em 2007 foi um dos fatores que contribuíram diretamente para o incremento do consumo de café. “Esse cenário deve ser mantido em 2008, o que motivará o deslocamento de mais consumidores das classes D e E para a classe C. Com um pouco de folga no orçamento, as pessoas não têm foco apenas no preço, passam a valorizar mais os produtos de qualidade superior. Por isso, além da alta do volume de café vendido este ano, apostamos também no incremento do consumo de cafés de maior valor agregado. Esse é um fenômeno que já observamos no Brasil.”


 


Segundo Herszkowicz, além de ser cada vez mais freqüente a quantidade de empresas investindo no incremento de cafeterias em todo o Brasil, o que cria ambientes adequados para a degustação de produtos de qualidade superior, as prateleiras dos supermercados também estão oferecendo mais cafés de alto valor agregado. Com tantas marcas apostando no paladar de consumidores exigentes, os preços também estão mais acessíveis, o que desperta o interesse de novos compradores. Grandes redes do ramo da alimentação, entre as quais o McDonald´s, estão manifestando interesse em investir na oferta da bebida para os seus clientes, reforçou o diretor da Abic.


 


“Embora o café seja uma bebida milenar, vem sendo considerado uma ótima descoberta neste século. Os países da Europa sempre foram grandes compradores de café, mas seus consumidores estão cada vez mais atentos aos produtos de origem, cujo valor agregado consiste não só na qualidade superior, mas nos cuidados com o meio ambiente e com as questões sociais, durante todo o processo produtivo. Essa é uma tendência que também se manifesta em países asiáticos como o Japão”, enfatizou.


 


Para este ano, a Abic estima que o consumo interno evolua para 18,1 milhões de sacas, com vendas alcançando R$ 6,8 bilhões. Em 2007, o faturamento do setor foi de R$ 6,4 bilhões, ante R$ 5,4 bilhões em 2006. A entidade mantém firme a sua meta de atingir 21 milhões de sacas em 2010. Para isso, uma das apostas da Associação é a consolidação do mercado de cafés superiores, gourmet e especiais, o que tem exigido uma ampliação do leque de programas de qualidade e certificação.


 


Consolidação


 


Desde 2003, o Brasil vem se consolidando como um dos países onde mais cresce o consumo de café. De lá para cá o crescimento foi de 24,2%, o que representou um aumento de 13,7 milhões de sacas para 17,1 milhões de sacas. Segundo o presidente da Abic, Guivan Bueno, o volume representa 14% da demanda mundial e contribui para assegurar sustentabilidade à cafeicultura brasileira e internacional. “Independentemente do volume de produção, os cafeicultores têm vendas asseguradas, tanto para as torrefadoras quanto para o comércio exportador”, acrescentou.


 


Bueno reforçou as palavras de Herszkowicz, mencionando que em 2008, somando-se o consumo interno com as exportações, em torno de 28 milhões de sacas, tem-se uma demanda total de 46 milhões de sacas. “Não teremos excedentes de grãos”, afirmou. A próxima safra, estimada entre 46 milhões e 48 milhões de sacas, deverá ser inteiramente demandada pela exportação e pelo consumo interno. “Além disso, os estoques físicos brasileiros estão muito baixos e devem chegar em março nos menores níveis das últimas décadas.”


 


O presidente da Abic considera que governo e todos os setores da cadeia café devem aproveitar o atual momento para estabelecer um plano de longo prazo para esse ramo do agronegócio. “O momento não comporta mais uma gestão feita sempre por meio de medidas de caráter emergencial. Ao contrário: é chegada a hora de elaboramos, em conjunto, um amplo plano de desenvolvimento para o agronegócio café, que contemple as metas e as necessidades de todos os setores da cadeia produtiva, no horizonte dos próximos 10 anos”, conclui o presidente da Abic.


 


Entre os inúmeros desafios a serem superados a partir desse plano de desenvolvimento, segundo defende a Abic, estão o aumento da produtividade da cafeicultura para incrementar sua rentabilidade e competitividade, com a inserção competitiva da agricultura familiar e da grande maioria dos pequenos cafeicultores; além do posicionamento estratégico do Brasil no mercado mundial de café e mais investimentos na inovação e na renovação do parque industrial.


 


Jornal do Commercio

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