Brasil com boas expectativas para exportação de milho nos próximos anos

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Brasil passa por um de seus melhores momentos na exportação de milho. Apesar da seca ter devastado milhares de hectares do grão em várias regiões, o País pode vir a exportar 15 milhões de toneladas anuais de milho já na safra 2009/10. A avaliação é do engenheiro-agrônomo e diretor da Céleres Consultoria, Leonardo Sologuren e foi apresentada durante reunião de final de ano da Abramilho- Associação Brasileira dos Produtores de Milho.

Os dados da Conab- Companhia Nacional de Abastecimento indicam que na última safra a produtividade média no estado Minas Gerais foi de 4.474 kg/ha. Apesar de acima da média nacional – que foi de 3.653 kg/ha – o desempenho pode melhorar bastante: hoje em dia há no mercado brasileiro sementes com potencial genético de produtividade até maior do que 10.000 kg/ha.

O produtor deve estar atento, de forma especial, a cinco itens que afetam diretamente a produtividade da lavoura de milho. São eles: época de plantio; escolha correta da semente; espaçamento e densidade; fertilidade do solo; e controle de pragas, doenças e plantas daninhas. Obedecendo às indicações e às orientações da pesquisa, as chances de sucesso aumentam.

No Norte de Minas a seca fez com que cerca de 70% da produção fosse prejudicada, mas a chegada das chuvas trouxe alento aos produtores que nesse período das águas já pensam em plantar novas áreas de milho.

Cada dia de atraso no plantio a partir da época mais adequada, que geralmente é em outubro, pode resultar numa produção até 30 kg menor por hectare, conforme a Embrapa- Empresa brasileira de pesquisa agropecuária. Portanto, verificar a data mais adequada de plantio é fundamental e, para isso, o zoneamento agroclimático do milho tem orientado os produtores. A escolha da semente mais adaptada à região e um bom manejo cultural também contribuem para o sucesso da lavoura. Há hoje no mercado brasileiro mais de 270 cultivares diferentes e para todo tipo de produtor.

Para aproveitar essa oportunidade no mercado externo, no entanto, o Brasil terá que ampliar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir o custo de produção. O milho brasileiro ainda não tem um foco comercial tão sofisticado, como ocorre nos Estados Unidos e na Argentina. Para competir, ele terá que adotar todas as ferramentas tecnológicas disponíveis, principalmente a biotecnologia, que é fundamental nesse contexto, salientou Sologuren.

– Nós, da Abramilho, consideramos que o principal ponto de nossa luta em 2008 será a liberação imediata do uso da biotecnologia em nossas lavouras, contrapôs Odacir Klein, presidente da entidade. Para Sologuren, a situação de abastecimento interno que, sim, deverá apresentar problemas no primeiro trimestre de 2008, abre um paradoxo institucional no Brasil: Como vamos poder importar um milho que não pode ser produzido em nosso país? Segundo ele, as contas internas do milho podem até fechar, mas haverá um estrangulamento logístico impedindo que o milho chegue onde ele precisa chegar sem que tenha um preço exorbitante.

Retornando a sua avaliação global, Sologuren considera que o novo uso do milho como uma das principais fontes para produção de etanol, assim como o forte crescimento da economia mundial, elevando a demanda por carne e, conseqüentemente, elevando o consumo de ração animal, alteraram completamente a curva de demanda. Nos Estados Unidos, na China e na Rússia, a relação estoque/consumo é a menor nos últimos 34 anos, uma situação inversa ao que ocorre na América do Sul, mais especialmente Brasil e Argentina, onde há excedentes a exportar.

O corretor da Cerealpar Steve Cachia, do Paraná, disse que a movimentação maior de milho nos últimos meses se explica também pelas condições logísticas do Porto de Paranaguá, o principal exportador de grãos do Brasil, especialmente de milho.

Segundo ele, como o chamado Silão (público) de Paranaguá não armazena soja transgênica e os silos privados, que trabalham com grãos alterados geneticamente, estão lotados de soja, as exportações de milho teriam sido facilitadas.

– Não teria logística (para exportar mais soja por Paranaguá) – acrescentou ele.

De acordo com Cachia, a menor capacidade de escoar soja em Paranaguá, com a reserva do Silão apenas para grãos convencionais, também tem levado muitos exportadores da oleaginosa a direcionar o escoamento para outros portos.

– Aliada à logística (em Paranaguá), a demanda internacional não está tão grande de uma maneira geral nos outros portos.

Da mesma forma que o mercado espera exportações de até 8 milhões de toneladas de milho em 2007, o que seria o dobro do ano passado, diante de uma produção recorde de 51 milhões de toneladas, aguardava-se também um ritmo maior das exportações de soja nos primeiros meses do ano.


 


 


O Norte de Minas – Montes Claros

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