Os preços dos alimentos continuarão a pressionar em 2008 a inflação em todo o mundo, afetando principalmente os países em desenvolvimento e as camadas mais pobres das populações. O alerta é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e é feito no mesmo momento em que a entidade divulga que a colheita de cereais no mundo atingirá em 2007 um volume recorde – 2,1 bilhões de toneladas. Em 2008, a produção tende a ser ainda maior.
Nos Estados Unidos, a safra de milho atingiu volumes recordes, com produção em alta de 25% em relação a 2006. O crescimento de um ano ao outro é também o maior já registrado e, segundo a FAO, o motivo é o boom na produção de etanol no país, o que também está contribuindo para alta nos preços de alimentos. No total, as fazendas americanas produziram 334 milhões de toneladas de milho em 2007.
Para 2008, a FAO estima que a produção de milho, tanto no Brasil como na Argentina, sofrerá um aumento diante dessa demanda pelo produto no mercado internacional para alimentar as usinas de etanol.
O problema, segundo a FAO, é que nem mesmo essa produção recorde está dando conta da demanda por trigo, milho e outros produtos. O resultado é uma alta no valor dessas commodities. No caso da América do Sul, a FAO aposta numa alta na produção de grãos no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile em 2008. Mas alerta que a pressão sobre a inflação continuará a ser sentida.
Neste ano, a produção de trigo na América do Sul já foi recorde em alguns países, mas a região manterá a produção de 22,1 milhões de toneladas. O volume é 10,5% acima da taxa de 2006, considerado um ano ruim para o continente.
Um dos destaques de 2007 é ainda a produção recorde de grãos na China e Índia, permitindo que o crescimento mundial chegue a 4%. A produção de milho na Ásia, por exemplo, atinge um recorde de 198,1 milhões de toneladas. 207 milhões de toneladas de trigo ainda estão sendo previstas para a região, que também apresenta a maior demanda pelos produtos diante da maior renda da população.
O resultado foi a alta nos preços dos alimentos em vários países. Em algumas regiões, como na África, já se prevê uma queda no consumo de grãos pela população por causa dos preços. Nos últimos 12 meses, o valor da importação de grãos já atingiu um recorde. A compra de alimentos custou aos países em desenvolvimento US$ 745 bilhões neste ano, 21% a mais que em 2006, e afetou suas balanças comerciais.
Para 2008, a perspectiva é de crescimento da produção de trigo, com o fim dos limites na União Européia para o cultivo e as condições climáticas consideradas como adequadas.
O Estado de São Paulo