Com baixos estoques de milho e trigo o mercado mundial de ração enfrenta a alta especulação dos preços desses insumos. Desde maio, período de pico de comercialização da safra, o preço do milho já se valorizou 67% o que fez com que aumentasse a pressão pela liberalização da importação do grão transgênico, mais barato que o comercializado no mercado interno.
Segundo lideranças do setor, a necessidade por milho transgênico se dá porque só o produto importado da Argentina e dos Estados Unidos, onde as sementes são geneticamente modificadas, chegaria ao Brasil com preços competitivos. “A estimativa é de que esse milho chegaria no porto custando cerca de R$ 22 a saca. Hoje no Brasil estamos pagando R$ 32 em média”, afirma o assessor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) realizará novas reuniões nos dias 12 e 13 de dezembro para avaliar o pedido de importação de 2 milhões de toneladas de milho transgênico realizado pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), União Brasileira de Avicultura (UBA) e Sindirações. Com uma produção de 51 milhões de toneladas na última safra, consumo interno de 41 milhões de toneladas e exportações de 10 milhões de toneladas até agora a expectativa é que a solicitação, que conta com o apoio do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, seja aprovada.
O pedido junto a CTNBio veio em um momento estratégico no qual as festas de fim de ano, quando aumenta consideravelmente o consumo de suínos e aves, se aproxima e o repasse de preços ao consumidor final pode influenciar a decisão. O diretor executivo do Sindirações, Ariovaldo Zanni, confirma que o consumidor pode esperar um Natal mais caro. “O repasse deve chegar ao consumidor ainda este ano”, diz.
Segundo Zanni, a reivindicação se deve a um fator exclusivo: a questão de preço. “Não acredito que haja falta de milho no mercado; o que a gente percebe é um inflacionamento”, afirma.
O aumento das cotações em nível internacional foi sustentado pela maior demanda por milho utilizado na ração animal, em substituição ao trigo, que registrou uma quebra de safra de importantes produtores. “Esse foi um dos fatores que favoreceram o aumento das exportações do Brasil à Europa, principalmente à Espanha”, explica o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Lucílio Alves.
A falta de trigo no mercado também impulsionou os preços da commodity este ano. Em setembro as cotações de trigo chegaram a US$ 9,50 por bushel, patamar próximo ao da soja. No ano passado as cotações variaram de US$ 2,50 a US$ 4,30. “A preocupação do Brasil cresce com a quebra de safra em Buenos Aires em razão das geadas e das planícies americanas por conta da seca”, avalia Alves.
Para agravar a situação dos moinhos brasileiros que importam trigo do país vizinho o governo argentino decidiu prorrogar a suspensão das exportações de trigo que venceria amanhã para o dia 26 dezembro.
O veto argentino deve influenciar novamente o mercado de ração animal, aumentando a demanda pelo milho justamente no período de entressafra, impulsionando, ainda mais, as exportações do estoque brasileiro. “Vamos ficar com um estoque de passagem menor que o consumo de janeiro de fevereiro”, afirma o assessor técnico da ABCS. Segundo ele, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem apenas 1 milhão de toneladas de milho estocado e está confiando em que o restante está nas mãos da iniciativa privada. “Não podendo ter importação de milho, podem colocar o preço que quiserem. Sem essa ferramenta há muita especulação”, analisa Coser. Ele ressalta que o preço da carne suína está segurando o preço do boi, que já está em patamares recordes. “A questão do milho é estratégica para a agricultura neste momento”, afirma.
Com baixos estoques de milho e de trigo, o mercado mundial de ração enfrenta a alta especulação dos preços dos insumos. Desde maio, período de pico de comercialização da safra, o preço do milho já se valorizou 67% o que fez com que aumentasse a pressão pela liberalização da importação do grão transgênico, mais barato que o comercializado no mercado interno. Segundo o diretor executivo do Sindirações, Ariovaldo Zanni, a reivindicação se deve a um fator exclusivo: o preço. “Não acredito que haja falta de milho no mercado, o que a gente percebe é um inflacionamento.”
Os produtores estão “segurando” o milho nos estoques visando a um aumento ainda maior das cotações do produto. A estimativa é de que o milho transgênico chegaria no porto com preços mais baixos do que os praticados no País. A saca sairia a R$ 22, contra os R$ 32 do milho nacional.
DCI