A cultura cacaueira está na mira dos ambientalistas. Um grupo de 250 instituições ligadas à Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) estuda critérios para que o plantio da amêndoa – que em alguns casos acabou com a floresta nativa – ajude a recuperação da flora e fauna local. A idéia é “aperfeiçoar” o sistema de cabruca, tradicional modelo de produção que mistura árvores aos cacaueiros.
“No começo era assim, o produtor plantava as mudas entre as árvores locais”, diz Paul Dale, coordenador do Programa Mercado Mata Atlântica, da RBMA. Razões econômicas, no entanto, levaram à substituição das árvores nativas por espécies exóticas. Hoje, parte das lavouras privilegia o consórcio com a seringueira (que produz o látex) e a eritrina, que contribui com a fixação do nitrogênio no solo.
Embora louvável – “é melhor que não ter árvore alguma” – a RBMA diz que o modelo não contribui com a biodiversidade. Para isso seriam necessárias árvores nativas para a formação de uma cobertura vegetal. “Cerca de 30% da biodiversidade da floresta tropical se encontra nessa cobertura”, afirma Paul Dale, coordenador do Programa Mercado Mata Atlântica, da RBMA. “Há bichos que não descem para o solo, como alguns insetos”.
O desafio é buscar o equilíbrio entre produtividade e conservação. Isso para que o cacau cresça sem fungos é necessária boa incidência de sol. “Estamos criando critérios para a plantação: quantas árvores adultas por hectares, quais espécies são apropriadas, etc. Não podemos fechar o céu”.
Valor Econômico