A denúncia de fraude no leite longa vida já provocou o aumento da procura pelo antigo carro-chefe do consumo brasileiro: o produto pasteurizado (chamado até há pouco tempo de tipo C). A estimativa do setor é que os pedidos subiram 10% nesta semana.
Do total de leite produzido no País, 25% são pasteurizados. Além de toda a imagem arranhada no setor, os produtores já começam a amargar também preços mais baixos. Em relação ao pagamento de setembro, os valores são 6,58% menores.
“Temos condições de aumentar a produção, mas não de suprir o consumo do longa vida”, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Pasteurizado (Abilp), Benedito Vieira Pereira. De acordo com ele, as indústrias conseguem aumentar a produção, mas existe um limite – apenas aquelas que também fazem UHT é que têm maiores condições. É o caso da Itambé, que produz por dia 100 mil litros de leite longa vida e pasteurizado. O vice-presidente da empresa, Jacques Gontijo, diz que a indústria tem capacidade para aumentar a produção e já pedidos para isso.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Leite Tipo A, Lair Antônio de Souza, diz que a procura pelo pasteurizado aumentou bastante. Pelas suas avaliações, no estado de São Paulo, a produção de pasteurizado – que é de 1 milhão de litros por dia – pode ser acrescida em 500 mil litros diários. No entanto, no caso do leite tipo A – que gira em torno de 200 mil litros por dia -, de acordo com Souza, isso não é possível, pelas especificidades do produto. “É um leite produzido na própria fazenda, com total rastreabilidade”, afiram Carlos Alberto Pasetti, da Xandô Laticínios. De acordo com ele, esta especificidade dá também maior segurança ao consumidor.
“A imagem toda do setor foi arranhada e isso pode se refletir no consumo e no preço. Mas ainda não se sabe o que vai acontecer”, afirma Cristiane de Paula Turco, analista da Scot Consultoria. Segundo ela, a queda verificada neste mês refere-se ao leite captado em setembro, portanto antes da fraude, e foi decorrente da diminuição do consumo, uma vez que no ano o produto havia se valorizado 63%. A partir de agora, com o aumento da produção, devido ao período de safra, a tendência natural é de recuo.
Gazeta Mercantil