O Brasil perdeu o posto de país mais competitivo no mundo na produção de açúcar. Os custos de produção das usinas do centro-sul do país estão em torno de US$ 250 por tonelada (Fob), segundo levantamento da JOB Economia e Planejamento. “Países como Guatemala e Austrália estão com os mesmos custos que o Brasil”, afirma Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job.
O levantamento feito pela Job leva em conta apenas os novos projetos de usinas de açúcar em construção, cerca de 100 plantas em todo o país. Esses custos incluem despesas com a produção e depreciação de equipamentos.
Os custos de produção para o açúcar SIF (isto é, colocado no destino final) chegam a US$ 300 por tonelada no caso de sudeste asiático e Rússia, principais importadores do açúcar brasileiro. “Com esses valores (SIF), o Brasil concorre com a Tailândia, que atua naquela mesma região”, diz Martins Borges.
Segundo ele, a alta dos preços dos equipamentos para usinas de açúcar e álcool e a desvalorização do dólar ante o real reduziram a competitividade do Brasil frente a outros importantes países produtores. “Os investimentos em usinas ficaram mais caros por conta da crescente demanda por novos projetos. Outro fator é a queda do dólar.
Há dois anos, o dólar estava em torno de R$ 3. Hoje está em média R$ 1,85.”
Mesmo com essa perda de competitividade, o Brasil continuará como principal foco dos investimentos, uma vez que tem terras disponíveis para expansão, sem afetar as outras culturas agrícolas. “Somente o Brasil tem condições de crescer em cana sem competir com os alimentos”, diz.
A área plantada com cana no Brasil está em torno de 6,2 milhões de hectares e pode chegar a 14 milhões de hectares em 2030, segundo projeções do Ministério de Minas e Energia. A produção de cana no país deve ser de 470 milhões de toneladas nesta safra e deverá alcançar 1,14 bilhão de toneladas em 2030, segundo o ministério.
Dados atualizados da Datagro mostram que o preço ideal do açúcar para que as usinas não percam rentabilidade deveria ficar em 11,8 centavos de dólar por libra-peso. As cotações atuais na bolsa de Nova York estão entre 9,5 centavos a 10 centavos de dólar por libra-peso.
Segundo Plínio Nastari, presidente da Datagro – que promove a 7ª Conferência Internacional sobre Açúcar e Álcool, em São Paulo – os custos atuais de produção do álcool hidratado (usado como combustível) giram em torno de R$ 0,67 a R$ 0,72 por litro. Os preços no mercado hoje estão ao redor de R$ 0,58 por litro.
A expectativa do mercado é de que os preços do álcool combustível subam entre 25% e 30% na entressafra 2007/08. A elevação dos preços deve começar a partir da segunda quinzena de novembro, quando a colheita da cana entra em sua reta final, e vai até abril. Esse aumento de preços, diz Nastari, poderá reduzir o consumo de álcool no mercado interno. O consumo mensal no final da safra deve atingir 1,42 bilhão de litros, ante 1,1 bilhão no mesmo período do ano anterior.
Segundo a Datagro, a produção de álcool nesta safra, a 2007/08, deverá ficar em 20,4 bilhões de litros. O estoque de passagem para a safra 2008/09, a partir de maio, está estimado em 254 milhões de litros.
Valor Econômico