Ao contrário de algumas culturas, que deram lugar a grandes canaviais por causa da rentabilidade, as lavouras de café e de laranja do Estado de São Paulo resistiram e inovaram.
No caso do café, muitos produtores da Alta Mogiana optaram pela agricultura orgânica, que agrega valor ao grão e é muito procurado no mercado externo. A cafeicultura orgânica no Brasil tem mantido taxas de crescimento próximas a 100% ao ano e ocupa uma área de quase 15 mil hectares e congrega mais de 500 produtores.
Apesar de uma produtividade baixa em relação a agricultura tradicional, o preço do café orgânico pode atingir até o dobro do grão tradicional, principalmente se for comercializado diretamente com torrefadoras estrangeiras.
De olho nesse nicho de mercado, explorado por pequenas propriedades no Brasil, fazendas da Alta Mogiana – conhecida por seus cafés especiais produzidos em grande altitude – transformam suas lavouras em orgânicas.
Convertida para agricultura orgânica há seis anos – o processo de transformação levou uma década – , a Fazenda Sertãozinho, de Mococa, produz hoje cafés sem a utilização de produtos químicos. “Usamos apenas predadores naturais e adubo orgânico nos cafezais”, afirma Alberto Dias Barretto, neto do fundador da fazenda construída em 1895.
Segundo Barretto, atualmente, toda a produção de café orgânico da Sertãozinho, cultivada em uma área de 80 hectares, é exportada para os Estados Unidos. A Fazenda Ambiental Fortaleza também destina sua produção para o mercado norte-americano. A fazenda fornece os grãos para a loja torrefadora Metropolis, de Chicago, cidade onde vivem os donos da fazenda. Recentemente, a Metropolis recebeu o prêmio de melhor minitorrefadora dos Estados Unidos.
Há seis anos, o manejo da Fortaleza passou a ser de acordo com as normas da agricultura orgânica, segundo Silvia Barretto, terceira geração da família à frente da fazenda que tem 800 hectares.
Além do café, a fazenda produz outros produtos orgânicos em escala comercial, como a banana prata, e mantém uma pequena área com gado leiteiro e de corte. A fazenda também se rendeu à cana-de-açúcar e arrendou uma área à uma usina local. Entretanto, Silvia só fez negócio porque a cana cultivada é orgânica. “O arrendamento nos gera capital para manter o negócio, mas sem perder a característica ambiental que é a de não usar defensivos.”
Na fazenda, a executiva também recebe grupos, principalmente de estrangeiros, para conhecer a agricultura orgânica. “Para que nossos empregados ampliem seus horizontes nós oferecemos educação. O mesmo é feito com os visitantes, que não têm idéia da importância do meio ambiente,” afirma Silvia.
Octávio Café
A Fazenda Nossa Senhora Aparecida, de Pedregulho, que pertence ao ex-governador do Estado de São Paulo, Orestes Quércia, acaba de receber mais uma certificação no âmbito da agricultura orgânica. Trata-se do National Organic Program (NOP), regulado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda).
Atualmente, os grãos da fazenda são processados no mercado norte-americano, por meio da Octávio Inc – que adquiriu este ano a torrefadora Dallis Coffee, uma das principais empresas de comercialização de cafés especiais dos Estados Unidos -, da Octávio Café no Brasil, e para terceiros nacionais e estrangeiros.
Além disso, os grãos orgânicos da fazenda estarão em breve na Cafeteria Octávio Café, que será inaugurada até o final do ano, na capital paulista. Na cafeteria estarão disponíveis cinco blends da Dallis Coffee, com grãos de diversos países, do grupo Octávio e uma linha de cafés orgânicos.
Laranja
Já com a laranja, os produtores da região central do Estado de São Paulo mantiveram seus pomares em pé e continuam competindo com a cana. Alguns cederam o espaço que tinham com pomares antigos, e que seriam renovados, para a cultura, mas grande parte ainda continua resistindo à tentação.
Segundo o coordenador da mesa diretora de citricultura da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Antonio Egidio Crestana, os produtores de laranja são antigos e preferem permanecer no setor. “Há produtores com fazendas centenárias e preferem manter a produção a ceder espaço para a cana. Além disso, os pomares demoram cerca de dez anos para se desenvolverem e não vale a pena derrubar a árvore para colocar a cana.”
Os produtores de café e laranja do Estado de São Paulo resistem à entrada da cana-de-açúcar em suas propriedades e buscam alternativas para manter rentabilidade.
No caso do café, produtores da Alta Mogiana optaram pela agricultura orgânica, que agrega valor ao grão e é muito procurado no mercado externo, principalmente o norte-americano.
A cafeicultura orgânica no Brasil tem mantido taxas de crescimento próximas a 100% ao ano e ocupa uma área de quase 15 mil hectares e congrega mais de 500 produtores.
Já com a laranja, os produtores da região central do Estado de São Paulo mantiveram seus pomares em pé e continuam competindo com a cana, buscando mudas com maior produtividade por árvore. Os pomares demoram cerca de dez anos para se desenvolver e não é rentável derrubar uma árvore para ali colocar cana.
DCI