A partir de abril, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), vai monitorar a qualidade dos produtos comercializados nas feiras agroecológicas coordenadas pela Seag, para garantir que os alimentos não possuem agrotóxicos. O monitoramento será feito por técnicos através da coleta de amostras, que serão analisadas em laboratório especializado.
O anúncio da ação foi feito na manhã desta segunda-feira (04), durante reunião com agricultores familiares da Associação Amparo Familiar, de Alto Santa Maria, em Santa Maria de Jetibá. O encontro contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, do diretor presidente do Idaf, Júnior Abreu, do diretor presidente da Ceasa, José Carlos Buffon, além de representantes do Sebrae, do Incaper e do Banco do Brasil.
Na reunião também foi entregue um veículo, que será utilizado pelos agricultores da Associação Amparo Familiar. Atualmente, a Seag coordena três feiras agroecológicas que funcionam dentro de shoppings centers da Grande Vitória e do interior.
Neste domingo (03), foi inaugurada a feira agroecológica do Shopping PátioMix, em Linhares. Os produtores familiares cadastrados pela Secretaria atendem às exigências da produção agroecológica e o Programa de Monitoramento nas feiras vai trazer mais segurança e credibilidade ao processo de comercialização.
Outras ações
O secretário estadual de Agricultura, Octaciano Neto, ressaltou que o Governo do Estado está colocando em prática um conjunto de ações estratégicas para fortalecer a produção e a comercialização da Agricultura Orgânica no Espírito Santo. “São ações que estão em sintonia com as propostas que recebemos no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba, o Pedeag 3, que ouviu produtores e representantes desse segmento sobre os desafios e as oportunidades da produção orgânica”, afirmou.
O secretário destacou que nos próximos dias será anunciado um programa voltado exclusivamente para o desenvolvimento da produção orgânica e agroecológica. “Já estamos financiando, nos próximos três anos, pesquisas aplicadas voltadas para o fortalecimento da agroecologia e da produção orgânica no Espírito Santo. Serão investidos R$ 1,1 milhão nesses projetos, dentro do Edital +Pesquisa AgroCapixaba. Além disso, muitas outras ações virão”, pontuou.
A presidente da Associação Amparo Familiar, Selene HammerTesch, agradeceu o apoio que a Secretaria de Estado da Agricultura tem dado aos agricultores familiares que se dedicam à produção orgânica e agroecológica. “Esse apoio tem sido fundamental para a manutenção de nossa atividade. Estamos ampliando nossa produção e criando novos espaços para a comercialização de produtos saudáveis, livres de agrotóxicos”, ressaltou.
Orgânicos/Agroecológicos
Os sistemas orgânicos e agroecológicos se caracterizam, principalmente, pela não utilização de produtos químicos no processo de produção. Os agroecológicos atendem às exigências do sistema de sustentabilidade e precisam passar por um processo de certificação para serem denominados orgânicos.
O mercado brasileiro de alimentos orgânicos e agroecológicos está crescendo a taxas que passam de 20% ao ano, conforme registros do projeto Organics Brasil. No Estado essa realidade não é diferente, pois esses produtos vêm ganhando o mercado e a mesa dos consumidores capixabas. Já são mais de 300 produtores certificados por aqui. Eles atuam em vários municípios, como Santa Maria de Jetibá, Iconha, Fundão, Muqui, Cachoeiro do Itapemirim, Nova Venécia, Pedro Canário e Laranja da Terra.
O gerente de Agroecologia e Produção Vegetal da Seag, Aureliano Nogueira da Costa, explica que a abertura de novos canais de comercialização atende a uma das demandas do setor de orgânicos, levantada dentro do Plano Estratégico da Agricultura Capixaba (Pedeag 3). Para ele, este é um importante passo o crescimento do setor no Espírito Santo e que beneficia diretamente dois grupos da sociedade.
“O produtor rural agora tem mais um espaço para vender seus produtos, em um ambiente diferenciado, com ar condicionado, acesso ao consumidor e todas as facilidades de carregamento e descarregamento do que é vendido. Já a população ganha com a possibilidade de comprar alimentos que são produzidos sem o uso de agroquímicos”
Produção
Atualmente, são produzidas em média três mil toneladas de produtos orgânicos por mês no Espírito Santo. A produção de outras 10 mil toneladas (Agroecológica) está em fase de transição para o modelo orgânico.
Entre os produtos mais comercializados estão hortaliças em geral, frutas, produtos da agroindústria caseira, como pães, biscoitos, bolos, doces e geleias. Flores, plantas medicinais e temperos também são comercializados.
Existem, atualmente, mais de 50 pontos de venda no Estado, entre supermercados, feiras livres e feiras especializadas. Já são mais de 40 municípios capixabas que contam com agricultores que produzem orgânicos e agroecológicos.
Daniel Simões