O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, anunciou, nesta quarta-feira (06/04), o apoio da entidade à aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Congresso Nacional. A decisão, segundo ele, foi tomada após reunião com as federações de agricultura e pecuária dos Estados, diante do agravamento da crise política e econômica e de manifestação recente, em solenidade no Palácio do Planalto, de um representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) incitando a violência no campo por meio de invasão de propriedades rurais, na presença da presidente Dilma.
“A presidente não está se mostrando capaz de unir a sociedade para um grande pacto de recuperação da economia”, justificou. O apoio ao impeachment também foi agravado pelas declarações do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que defendeu a posição do dirigente da Contag, Aristides Santos. “Um ministro que deveria manter a ordem não pode apoiar a desordem. Não poderíamos ficar inertes diante da incitação à desordem no campo, provocando insegurança jurídica e instabilidade institucional no país”, completou Martins. Ele informou que a Confederação estuda medidas judiciais contra a Contag.
Martins relatou que, em alguns estados, mais de 100 propriedades foram invadidas em razão do estimulo à violência no meio rural. Este quadro foi acentuado pelo fato de a maioria das decisões judiciais pela reintegração de posse não estarem sendo cumpridas pelos governos estaduais.
Para João Martins, a CNA é uma entidade que sempre pautou suas decisões pelo equilíbrio, sem precipitações. No seu entender, contudo, a deterioração da economia brasileira, com a perda do poder de compra da população, afetará a produção do setor agropecuário “ainda superavitário, mas que, mantendo-se o cenário atual, poderá até mesmo terminar 2016 com números negativos”. A previsão da CNA para o ano agrícola é ainda de um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,6%, número modesto se comparado com o comportamento da agropecuária brasileira nos últimos anos.
Na avaliação do presidente da CNA, “a queda do consumo da população afetará diretamente o setor agropecuário”. Apesar de formalizar o apoio ao impeachment, João Martins ressaltou que “a relação institucional com o governo continuará, mantendo-se as discussões sobre o plano agrícola e pecuário, a renegociação de dívidas e outras demandas do setor”. “O produtor rural não pode parar. Ele não vai pegar seu trator e estacionar na garagem. Vamos continuar defendendo as propostas e as soluções para o setor”, destacou.
CNA