O IGP-10, que compara os preços médios do dia 11 de um mês ao 10 do seguinte, em relação a igual período anterior, indicou alta de 1,78% em março.
No período imediatamente anterior, a alta havia sido de 2,72%, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas.
Mas, apesar da recessão da economia brasileira e do período de safra para vários produtos, a inflação dos alimentos continua acelerada.
Os preços médios dos produtos agropecuários praticados no mercado atacadista acumulam alta média de 19% em 12 meses. E parte dessa elevação ainda não foi repassada para o consumidor final.
Essa alta ocorre porque o mercado agropecuário traz para dentro do país a pressão das exportações. A boa procura pelos produtos brasileiros e a desvalorização do real inflaram os preços internos.
O açúcar, por exemplo, tem alta de 51% nos últimos 12 meses, conforme acompanhamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O cenário de exportação melhora com o retorno de deficit mundial. O consumo vai superar a oferta de produto.
Os grãos, liderados pelo milho, também mantêm forte aceleração de preços. Nos últimos 12 meses, o cereal -que vem obtendo recordes de exportações- subiu 64% internamente.
Já a evolução das carnes tem ritmo menor. O frango congelado subiu 12%; e o boi, 7%.
A carne suína, um dos poucos produtos com queda no período, recuou 11%, segundo o Cepea.
A evolução de 19% em 12 meses dos agropecuários mostra a distância desses produtos em relação aos demais. Os industriais subiram 11% no período, enquanto a inflação média do IPA (Índice de Preços por Atacado) foi de 13%.
Milho, cana e leite continuam pressionando o índice, embora em ritmo menor neste mês.
O milho, após ter subido 20% em fevereiro, atinge alta de 6% nos últimos 30 dias até o dia 10, segundo a FGV.
Entre os produtos que ajudam a segurar a taxa média de inflação no atacado, estão soja e suínos. Enquanto a leguminosa acumula queda de 6% em 30 dias, a carne suína recuou 9%.
Folha de São Paulo