"Estamos reformulando a nossa estratégia e a razão é muito simples: [o agro]é o único setor que tem agregado valor à economia." A afirmação é do responsável pela área de agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, ao justificar o avanço de 10% no volume de crédito rural para 2016.
Para marcar o início de uma atuação mais agressiva, o banco levou R$ 130 milhões em financiamento pré-aprovado para a primeira feira agrícola do ano, o Show Rural Coopavel, no município paranaense de Cascavel. O volume de recursos é quase 5 vezes maior que o montante negociado na última edição do evento, em 2015, fixado em R$ 28 milhões.
Ao DCI, Aguiar conta que a ideia é participar de todas as feiras do setor no ano em busca de ampliação no contato com os clientes. Para tanto, vale, inclusive, a adoção de um tom mais proativo, no sentido de comunicar ao meio rural e mostrar que a instituição está disposta a oferecer financiamentos com as mesmas taxas de juros dos bancos públicos, por exemplo, estabelecidas pelo Plano Safra.
"Queremos ser o banco do agronegócio. Evidentemente, não seremos o maior, mas queremos reforçar nosso viés nesse setor", enfatiza.
Estratégia de negócios
O posicionamento do Santander está intimamente atrelado à ‘cara’ do novo ‘dono’. Sérgio Rial deixou a presidência executiva do frigorífico Marfrig, segundo maior do País, para liderar o conselho de administração do banco em janeiro de 2015. Em setembro do mesmo ano, o executivo assumiu o cargo de presidente da instituição financeira.
Rial ainda traz na bagagem passagens por companhias como a Cargill e a Mosaic Fertilizantes. Com amplo conhecimento ‘dentro da porteira’, não é de se estranhar que, agora, o Santander compreenda mais facilmente as nuances do mercado agropecuário. Atualmente, o banco atende cerca de 85 mil clientes da chamada "cadeia do agronegócio", composta por fornecedores de insumos, ruralistas e compradores de produtos do setor, como a agroindústria. A carteira do segmento conta com R$ 40 bilhões em financiamentos, dos quais R$ 5 bilhões apenas em crédito rural.
Conforme publicado pelo DCI, representantes da cadeia produtiva afirmam que um dos principais entraves desta safra é o aumento nas exigências dos bancos para concessão de crédito, após a alta nas taxas de juros pelo Plano Safra, em geral, de 4 pontos percentuais. Questionado sobre o tema, o presidente do Santander disse que "as garantias reais já existiam, ou seja, a instituição nunca teve o hábito de liberar empréstimos sem essas garantias". Do mais, segundo Aguiar, não houve nenhuma mudança na política de concessão.
Em contrapartida, o executivo destaca a flexibilização do financiamento de máquinas agrícolas. "Mediante 20% de entrada à vista, eu financio os outros 80% do valor. Em outros bancos a entrada pode chegar a 50%", compara.
Diante da liberação de R$ 10 bilhões para pré-custeio, via Banco do Brasil, anunciada na última semana pelo governo federal, Sérgio Rial informa que também é possível tomar recursos de pré-custeio pelo Santander. "Obviamente, não temos o mesmo volume, mas também estamos fazendo. Ainda temos todas as linhas de mercado e BNDES", finaliza.