ESPECIAL – Custo de produção na agricultura sobe mais que a inflação no ES

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O Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) atualizou os índices do estudo “Coeficientes Técnicos e Custos de Produção na Agricultura do Estado do Espírito Santo” em diferentes níveis tecnológicos e situações. Os dados do levantamento são de janeiro de 2015, dois anos após a última divulgação dos números deste estudo que é realizado bianualmente para subsidiar os produtores rurais nas decisões em suas atividades através da análise comparativa da viabilidade econômica entre vários produtos alvos do trabalho.
 
O resultado mostra que o item que mais comprometeu os custos de produção rural foram os serviços, representando, na média geral, 64% do total contra 36% dos insumos. “Em algumas culturas como o eucalipto, os serviços representaram cerca de 87% dos custos totais de produção. Só as operações de colheita e transporte do eucalipto representam em média 53% dos custos”, exemplifica Gilmar Dadalto, coordenador técnico do Cedagro e pesquisador do Incaper.
 
Referência nacional, o estudo disponibiliza 70 planilhas eletrônicas que podem ser adaptadas de acordo com as diversas condições de cada empreendimento, o que possibilita uma análise dos custos e receitas das diversas atividades rurais elencadas neste trabalho. “No site do Cedagro (www.cedagro.org.br), o interessado pode acessar as planilhas completas de cada atividade analisada. É uma grande ferramenta para o gestor rural e deve ser objeto de utilização”, destaca Dadalto, ressaltando que, apesar da rentabilidade das atividades agrícolas ser um fator significativo, é importante que o empreendedor rural analise outras variáveis antes da tomada de decisão de investimento, como os custos de implantação, riscos climáticos inerentes à produção, a flutuação na demanda e valores de mercado, a exigência de mão-de-obra dentre outros fatores importantes do sistema de produção.
 
Cafeicultura
 
Os custos de produção no café arábica variam, segundo o estudo, de R$ 504,00 a saca de 60 quilos em baixas produtividades (10 sacas/hectare) a R$ 255,00 a saca em altas produtividades (60 sacas/hectare). O ponto de equilíbrio econômico da atividade, onde não ocorre lucro nem prejuízo, encontra-se na produtividade de 40 sacas/hectare (custo de R$ 319/saca), produtividade que a maioria dos produtores não consegue alcançar. “Isso significa que se considerar todos os custos dos insumos e serviços, a maioria dos produtores de arábica está com prejuízos”, destaca Gilmar Dadalto.
 
No café conilon irrigado, os custos médios variam de R$ 245,00 a saca, em baixa produtividade (45 sacas/ha), a R$ 188,00 a saca em alta produtividade (120 sacas/ha). O estudo mostrou que, na média, o café conilon irrigado apresentou rentabilidade positiva apenas acima de 45 sacas produzidas por hectare, sendo que abaixo dessa produtividade a atividade não apresentou lucro.
 
Fruticultura
 
Na cultura do mamão, principal da fruticultura capixaba, houve uma recuperação da atividade, com destaque para a variedade formosa com um custo de produção de R$ 0,44 por quilo e preço médio pago ao produtor em 2014 de R$ 0,60kg. Assim, a rentabilidade líquida foi de R$ 20.821,00 por hectare no ciclo de cerca de dois anos considerando uma produtividade de 130 t/ha/ciclo.
 
 
As frutas como goiaba, abacaxi, maracujá, manga e coco sobressaíram pela alta lucratividade média em 2014, todas acima de R$ 10.000,00/hectare/ano, com algumas culturas, como o abacaxi, apresentando rentabilidade superior a R$ 20.000,00 quando em alta produtividade.
 
Pimenta-do-reino e silvicultura
 
Assim como no último estudo em 2013, a pimenta do reino novamente obteve destaque entre as atividades com maior rentabilidade. Devido a grande demanda no mercado interno e externo no ano passado, o preço médio pago pelo produto de R$ 17,27/kg está muito superior ao seu custo de produção, que foi de R$ 3,50/kg. A progressão no preço do produto é surpreendente com um aumento de 242% comparando os preços praticados em 2010 e os atuais, chegando a uma lucratividade de R$ 77.000,00/ano por hectare.
 
 
A silvicultura obteve bons resultados registrando o palmito pupunha com um custo de produção de R$ 1,25 por haste e rentabilidade de R$ 8.000/hectare/ano, e o eucalipto perfazendo um lucro de R$ 10.278,00 por ciclo de sete anos. Já na cultura da seringueira, houve uma redução da rentabilidade neste levantamento em função do aumento no custo de produção e redução do valor pago pelo produto.
 
Outros produtos
 
Considerando a pecuária leiteira, o preço pago pelo produto em 2014 foi ligeiramente superior ao custo de produção de um litro de leite, o que comprometeu a rentabilidade da atividade. Dentre as olerícolas, destaca-se a rentabilidade da cultura do tomate com lucro superior a R$ 30.000,00 por hectare.
 
 
 

Matéria publicada na Revista Campo Vivo – edição 27 – Set/Out/Nov 2015

Redação Campo Vivo

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