Sabores únicos, misturas de grãos diferenciadas – os famosos blends – e muito espaço no mercado para crescer. A produção de cafés especias em terras paranaenses tem ganhado destaque safra após safra e, neste ano, um objetivo está bem claro: os clientes internacionais. Depois de uma safra 2015 nada produtiva devido às intempéries climáticas, os cafeicultores que focam num produto de qualidade acima da média – e maior valor agregado – buscam retomar o ritmo intenso de exportações, inclusive atingindo novos países da Europa e América do Sul, tanto com as embalagens tradicionais como as famosas cápsulas de sabores variados que conquistaram os consumidores de café nos últimos anos.
O primeiro levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná (Seab) estima uma safra de café de 1,1 milhão de sacas neste ano, volume 18,6% menor em comparação ao 1,29 milhão de sacas colhidas na safra passada. Deste montante, estima-se que 5% a 10% são de cafés especiais, que possuem um tipo de manejo bem mais criterioso e diferenciado. Vale dizer que a redução do volume está fundamentada na bienalidade natural da produção cafeeira, que alterna uma safra de maior volume com uma de menor. A região de Jacarezinho se consolida com 55% da produção prevista, aliás, nos municípios do Norte Pioneiro é que são produzidos os cafés especiais do Estado. A colheita inicia no mês de junho.
O secretário executivo da Câmara Setorial do Café e economista do Deral, Paulo Franzini, explica que os produtores de cafés especiais têm trabalhado para aumentar a produção e, consequentemente, as exportações. "Este trabalho exige uma disposição maior dos cafeicultores. Existe um diferencial muito grande no manejo, desde o trato cultural e adubação adequada, controle fitossanitário e, principalmente, colheita e pós-colheita". Ele complementa dizendo que os cafés especiais não tem floradas tão homogêneas e o ponto de maturação não é uniforme. "O segredo é fazer uma colheita seletiva, sempre pelo mais maduro. Na pós-colheita, uma boa secagem e armazenamento são fundamentais".
Projeções
O projeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro, que funciona em parceria com o Sebrae, atua com base em quatro pilares: associativismo, produção, rastreabilidade e mercado. Ele conta com 300 cafeicultores de 12 municípios. De acordo com o presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), Cleomilson Serafim, a expectativa é uma produção de 20 mil a 25 mil sacas na safra 2016, sendo que 70% do volume total deve ser exportado para países como Estados Unidos, Canadá, entre outros. "No ano passado, tivemos problemas com a chuva, o que prejudicou muito a qualidade dos nossos cafés e, consequentemente, as exportações. Devemos ter exportado apenas umas mil sacas, pois a condição estava bem complicada. Nos cafés especiais, se o grão cai no chão, ele perde toda a qualidade".
A expectativa é que o clima fique bem mais estabilizado, torcendo para que o El Niño não atrapalhe tanto o trabalho. Os cafeicultores da região trabalham no esquema de Fair Trade (Comércio Justo), um princípio que busca maior justiça e equidade no comércio internacional, o que beneficia os produtores. "No caso das exportações, trabalhamos com o grão cru verde beneficiado em sacas de 60 quilos. Hoje, os preços estão bem animadores, e estamos recebendo cerca de R$ 150 a R$ 200 a mais por saca em comparativo ao café comum. Além disso, o mercado interno também está aquecido e fazemos todas as transações através de uma corretora de café", complementa.
Folha Web