Enquanto chove muito no Norte de Mato Grosso, prejudicando a colheita de soja, falta água no Oeste da Bahia, estiagem que já resulta em perdas na produção de milho entre 10% e 25%. Em Luís Eduardo Magalhães não choveu nem 15 milímetros (mm) em janeiro, quando a média para o mês é de 210 mm. Dados da Somar Meteorologia indicam que no Rio Grande do Sul também padece de pouca e irregulares precipitações, que se continuadas podem prejudicar soja e milho.
Celito Missio, diretor do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, discorda, em parte, que tenha chovido menos de 15 mm no município até agora. “A chuva está muito mal distribuída. Em algumas áreas foi de 100 mm em outras, realmente, não passou de 15 mm”, relata.
Por conta disso, as perdas de produtividade para o milho no Oeste baiano vão variar entre 10% e 25%. “Algumas ficaram de 30 a 35 dias sem chuvas”, recorda Luiz Carlos Fagundes, diretor da Assessoria em Mercados de Grãos (Asneg), que estima que entre 20% e 30% da área total de milho no Oeste (180 mil hectares) estejam na fase de enchimento de grãos.Além do milho, a soja também sofre um pouco com a falta de chuvas na região Oeste, e pode perder um pouco de produtividade na comparação com a safra anterior, cujo clima contribuiu para boas produtividades. “No ciclo passado foram colhidos 46,5 sacas por hectare. Este ano, deve cair para 45 sacas, que está dentro da média para a Bahia”, diz.
Em Mato Grosso, já ocorre o contrário: chove demais. Olívia, da Somar, explica que o volume de precipitações está dentro da média, mas que os 278 mm de janeiro concentraram-se em 19 dias, prejudicando a colheita de soja.
O produtor Leandro Moussi, de Sinop, norte do Estado, está há seis dias sem colher por causa das chuvas. “A máquina não conseguem nem entrar na lavoura”, conta. Ele diz que alguns grãos de soja já perderam um pouco da qualidade, mas em volume ainda insignificante. “Tem uma área de 280 hectares que já devia ter sido colhida. Se a chuva se prolongar por mais dois ou três dias, vou perdê-la toda”, diz o produtor que desde o final de dezembro conseguiu colher 2 mil hectares, dos 12 mil plantados.
O maior problema agora, segundo ele, é o atraso no cultivo de algodão safrinha. “Já tinha reduzido em 10% a intenção de plantio porque o cultivo da soja atrasou em setembro. Agora, com esse atraso também na colheita, vou reduzir mais 10%”, lamenta Moussi.
Gazeta Mercantil – SP