O Brasil começa a regularizar o cultivo de pescados em mar aberto a partir do lançamento do edital de licitação da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca do Governo Federal (Seap/PR) para a criação de bijupirá, espécie conhecida internacionalmente como cobia, com amplo mercado no Japão, China e Vietnã. Publicado ontem (15), no Diário Oficial da União, o edital prevê a cessão de uma área de 169 hectares no litoral de Pernambuco para empresas que possam produzir, no mínimo, 3 mil toneladas da espécie por ano.
A área fica a dez milhas náuticas da praia – cerca de 18 quilômetros – e será cedida por 20 anos. O preço mínimo a ser pago anualmente é de R$ 350 a R$ 370 por hectare. De acordo com o diretor de Aqüicultura da Seap, Felipe Matias, a iniciativa atende a uma demanda dos produtores de pescados para cultivo em águas da União que já dura 15 anos e foi tomada a partir da solicitação da pernambucana Aqualíder que apresentou um projeto adequado às exigências ambientais de monitoramento e destinação de resíduos da produção. “Mas, como as outras, esta empresa terá que concorrer na licitação para ter a cessão da área”, afirma Matias.
A proposta da Seap é incentivar a produção do bijupirá seguindo o modelo de cultivo do salmão, no Chile. Muito apreciado no Nordeste, o peixe adapta-se a climas tropicais, tem crescimento rápido e garantia de mercado externo e interno. “O bijupirá poderá ser o salmão brasileiro”, acredita Matias, ressaltando as possibilidades de geração de emprego e renda no País. Para assegurar a oferta de alevinos, uma das limitações da proposta, a Seap investiu, nos últimos quatro anos, R$ 3 milhões nos laboratórios da Bahia Pesca, empresa baiana de economia mista, e junto à prefeitura de Ilha Comprida, no litoral paulista.
Os próximos editais para cessão de áreas serão na Bahia e em São Paulo e podem ser destinados a outras espécies de peixes ou ao cultivo de ostras ou de algas.
Gazeta Mercantil