Queda do preço aumenta busca por tecnologia

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"Muitos produtores, quando veem o preço da arroba em alta, acreditam que ele nunca vá cair e erram na prioridade dos investimentos", é o que afirma o coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Nogueira, sobre a aposta de uma desaceleração nos valores praticados pelo mercado neste ano.

Este cenário acarreta a necessidade de aumento no uso de tecnologias dentro da porteira, mas, na média nacional, diversos pecuaristas podem perder o momento ideal para fazer estes aportes.

Durante a terceira etapa da expedição, promovida pela consultoria Agroconsult em parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB), o especialista explica ao DCI que as margens dos frigoríficos estão operando praticamente no negativo, uma vez que a baixa oferta gera animais terminados cada vez mais caros, dificultando o repasse dos reajustes. Em contrapartida, ainda existe a pressão do dólar sobre os insumos e o aumento nos custos de produção, fatos que oneram toda a cadeia.

"A tendência é que haja intensificação na produção através de tecnologias ou uma reação do mercado. Se o preço sobe você esbarra na inflação. Com a chegada do tempo frio, o pecuarista deve colocar um pouco mais de carne no mercado e já veremos uma diminuição de preço, mesmo assim, o valor ainda ficará mais alto do que nos anos de 2013 e 2014", estima.

A arroba que, mesmo com recuo, seja remuneradora, somada a patamares cada vez mais elevados para compra de animais de reposição, faz com que o pecuarista se veja obrigado a investir em ganho de produtividade e redução de custos. Dentre as tecnologias disponíveis, a suplementação alimentar é a que traz resultados mais rápidos, logo, abre-se uma lacuna de oportunidades para o segmento neste ano.

"O mercado de nutrição espera um crescimento de 20% a 30% porque a demanda vai aumentar independentemente de onde esteja o preço do produto final. Se houver queda, a necessidade de crescer na oferta da carne é ainda maior", projeta o gerente técnico da Minerthal, Fernando José Schalch Junior. Segundo o executivo, o ideal é ser eficiente na terminação, se capitalizar e passar a investir nas etapas anteriores do processo, como a cria e recria. "Nosso ciclo pecuário está cada vez mais curto e mais dinâmico", acrescenta.

Na mesma linha, Eduardo Santos, coordenador de território São Paulo e Triângulo Mineiro da Phibro do Brasil, conta que o principal gargalo do setor é ganho de peso durante a recria. Um dos aditivos recomendados é a virginiamicina, ou V-Max, cujo custo fica em torno de R$ 0,08 a R$ 0,10/ dia com retorno médio de R$ 0,50/ dia em função de uma engorda diária de 110 gramas proporcionada pelo suplemento.

"A grande conversa do mês é: como diluir o custo dos animais de reposição? Ganhos no produto final estimulam o pecuarista a investir e aumentar a produtividade de toda a cadeia, isso compensa os gastos maiores com bezerro e boi magro", completa Santos.

Diante de um momento de ajustes macroeconômicos no País, o consenso na estratégia dos frigoríficos é expandir em vendas para o mercado internacional. No entanto, dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) divulgados ontem mostram que, no ano, o Brasil exportou mais de 426 mil toneladas de carne bovina, queda de 15%.

 

 

DCI

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