Mudas de Conilon em tubetes: tecnologia que traz vantagens ao cafeicultor capixaba

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Uma nova tecnologia para a produção de mudas de café Conilon está conquistando produtores e viveiristas de Marilândia e Região Noroeste capixaba. Em vez de plantarem as mudas de café Conilon em saquinhos de plástico pretos, cheios de terra, os cafeicultores estão preferindo utilizar tubetes plásticos de 280 mililitros com substrato à base de casca de pinus ou casca de coco. A tecnologia está sendo pesquisada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).

A produção de mudas de Conilon em tubetes possui uma série de vantagens, a começar pela saúde da planta. “Com a utilização das sacolinhas, era necessário um gasto maior para combater problemas fitossanitários, como nematoides e outras doenças que atacam principalmente as raízes da planta. Já na produção em tubetes, as mudas não têm contato direto com o solo nos estágios iniciais de desenvolvimento, o que garante mais saúde à planta. Além disso, o substrato é mais leve, o que facilita o desenvolvimento da raiz e até mesmo o transporte das mudas”, explicou Paulo Volpi, pesquisador do Incaper.

“Meu irmão ficou com um problema de coluna muito sério por pegar peso demais, de tanto carregar aquelas caixas pesadas cheias de mudas de café plantadas na terra. Este substrato é mais leve e a maneira em que as mudas estão arrumadas ajuda no transporte. Nós fizemos uma capacitação no Incaper e hoje nosso viveiro só produz muda em tubetes”, diz o viveirista Vagner Teles, de Marilândia.

O viveiro de Vagner Teles produz 360 mil mudas de Conilon em tubetes por ano. Todas já foram vendidas e as encomendas para o ano seguinte não param de chegar. O trabalho é constante e rende. Antes, uma pessoa enchia por dia duas mil sacolinhas de terra. Hoje, gasta o mesmo tempo para encher 7.500 tubetes. Como a matéria-prima para o substrato e os próprios tubetes são mais caros, o custo por muda é um pouco maior. “Mas compensa. O produtor não tem tantas perdas e não gasta tanto com insumos. Normalmente, quando perdia muda, o produtor vinha aqui pegar mais para repor. Desde que começamos a trabalhar com tubetes, não tivemos mais nenhuma devolução”, diz Teles, satisfeito.

Outra vantagem é que a tecnologia de produção de mudas em tubetes é amiga do meio ambiente. “Antes, mesmo que o produtor tivesse cuidado, sempre ficava alguma sacolinha preta espalhada no cafezal. Esse plástico demora anos e anos para se decompor na natureza e acabava sendo um agente de poluição ambiental. Já os tubetes são retornáveis. O produtor tem que devolvê-lo para o viveirista. Não fica nada espalhado sobre o solo. Esta é uma forma de garantir ainda mais sustentabilidade à produção cafeeira do Estado”, finalizou Volpi.

Parceria com a Cooabriel

O desenvolvimento de tecnologias para a produção sustentável de mudas de café Conilon conta com a parceria da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel). No viveiro da Cooabriel são desenvolvidas mudas em diversos recipientes: nas sacolinhas de plásticos cheias de terra, nos tubetes de 280 ml com, substrato à base de casca de pinus, e em saquinhos biodegradáveis feitos com celulose. A cooperativa multiplica os clones desenvolvidos pelo Incaper e distribui aos cafeicultores interessados para renovação da lavoura ou plantio em novas áreas. “Temos 30 mil matrizes com esta finalidade. Cada clone tem suas características genéticas. Hoje, há nada menos que 40 milhões de mudas da Cooabriel no mercado” destacou Antônio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooabriel. “A Cooabriel foi uma das nossas primeiras parceiras e continua sendo uma das melhores parceiras. Se a cafeicultura de Conilon no Estado é tudo isso, é devido à soma de esforços. Cada um fazendo o que faz de melhor”, disse Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura.

 

 

 

 

Juliana Esteves

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