A agropecuária capixaba projeta para 2015 um prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão, tendo como base a produção e o rendimento médio esperados para este ano. Os números são referentes às culturas do café, fruticultura, olericultura, cana-de-açúcar, leite, feijão, milho e mandioca. O levantamento foi divulgado na manhã desta segunda-feira (09) pelo secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Octaciano Neto, durante entrevista coletiva. As perdas, no entanto, podem chegar a R$ 1,5 bilhão, já que o levantamento não incluiu a produção dos setores de avicultura, suinocultura, pecuária de corte, silvicultura e pimenta-do-reino, que ainda precisam ter seus dados consolidados.
O levantamento mostra uma previsão de queda de 12,8% na produção agrícola em relação ao que era esperado para 2015. Quanto ao rendimento médio, a previsão é de redução de 12,7%. Cafeicultura, olericultura, fruticultura e produção de leite amargam as piores perdas. Na cafeicultura, a previsão de queda é de 22,6% na produção, com menos 2,8 milhões de sacas colhidas, e de 20,9% no rendimento médio, totalizando um prejuízo de R$ 824 milhões. Com relação à pecuária de leite a expectativa é que as perdas cheguem a R$ 33 milhões.
Para a fruticultura a previsão é de redução de 10% na produção e de queda de 10,8% no rendimento médio, o que representa uma perda de R$ 101 milhões. Para a olericultura a previsão é de redução de 8% na produção e queda de 18,2% no rendimento médio, totalizando um prejuízo de R$ 255 milhões. Com relação à cana-de-açúcar a previsão é de redução de 12,5% na produção e queda de 12,7% no rendimento médio – perdas que chegam a R$ 19 milhões. No que se refere ao milho, a estimativa é de redução de 41,9% na área colhida e queda de 51,2% na produção. Para a mandioca a previsão é de redução de 51,9% na área colhida e queda de 51,2% na produção.
Perda bilionária
A estimativa de valor da produção para os produtos avaliados é de R$ 5,4 bilhões. Comparando esse número com o valor da produção desses mesmos produtos no ano passado, houve um decréscimo de 15,4%. Em termos de valores monetários, as macrorregiões Central e Norte foram as que apresentaram maiores perdas, uma vez que essas regiões têm grande participação na produção de fruticultura e cafeicultura. Em termos quantitativos, a macrorregião do Sul foi a que apresentou maior percentual nas perdas, em função da queda na produção de cana-de-açúcar, que influenciou na quantidade perdida em toneladas.
O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, ressaltou que as perdas são muito significativas. Desde 2009, quando o Estado também sofreu com os impactos de uma estiagem, a agropecuária capixaba não amarga um prejuízo tão expressivo. “No ano passado tivemos uma produção agropecuária de quase R$ 8,5 bilhões e este ano devemos fechar com uma produção em torno de R$ 7 bilhões. Desde 2009 não tínhamos uma perda tão significativa como estamos tendo este ano. É só imaginar que cada produtor do Espírito Santo vai receber, na média, de 15 a 20 % a menos este ano e isso impacta e muito a vida dessas famílias”, afirmou.
Octaciano Neto destacou que o governo trabalha em duas frentes principais para minimizar os impactos da estiagem na vida dos produtores e garantir o aumento da reservação hídrica nos próximos anos. “Uma delas é o programa de reflorestamento e de proteção e recuperação de nascentes. Na outra frente estamos trabalhando para a construção de barragens e caixas secas que vão ajudar a diminuir os impactos futuros causados pelas adversidades climáticas. Também estamos estudando formas de implantar um mecanismo de seguro agrícola no Estado para que os produtores possam ter uma alternativa para minimizar seus prejuízos em decorrência de eventos climáticos adversos”, pontuou.
Programa Estadual de Construção de Barragens
O Governo do Estado anunciou, recentemente, a construção de 32 barragens para o armazenamento de água no interior do Estado, com capacidade de armazenamento de 19,5 bilhões de litros de água e potencial de abastecimento de até 360 mil pessoas por ano. Os editais de licitação pública para construção das barragens começam a ser lançados em novembro e representam um investimento da ordem de R$ 20 milhões. As obras começam já no início do próximo ano.
Dentre as barragens anunciadas, cinco delas tiveram projetos elaborados pela Sedurb, sendo as seguintes: Barragem de Santa Júlia, na localidade de Agrovila, em São Roque do Canaã; Barragem de Floresta, localizada em Lajinha de Pancas, município de Pancas; Barragem Graça Aranha, em Colatina; Barragem Liberdade, localizada no município de Marilândia; e a Barragem de Cupido, na cidade de Sooretama. Os locais foram definidos pois já registram conflitos entre usuários pelo uso da água, além de já contarem com projetos prontos.
Além destas, outra barragem de grande porte anunciada é a de Pinheiros. A obra, que inicialmente era tocada pela prefeitura de Pinheiros em parceria com o Governo Federal, teve início em 2003 e sofreu com inúmeras paralisações. Como forma de dar agilidade ao processo de conclusão da barragem, o Governo do Estado assumiu a responsabilidade pela conclusão da obra. Trata-se da maior barragem do Estado.
Com o fechamento dessa barragem, que tem 12 quilômetros de comprimento, serão 268 hectares de área inundada, com um acúmulo de 17 bilhões de litros de água armazenada, sendo que o entorno do barramento terá 31 quilômetros de extensão. A barragem atenderá à população dos municípios de Pinheiros e Boa Esperança, garantindo maior segurança hídrica para as atividades produtivas, além de representar um atrativo turístico para a região.
Também serão construídas 26 barragens de uso coletivo localizadas em assentamentos estaduais de trabalhadores rurais capixabas no Norte do Estado, com projetos contratados pela Seag. Serão construídas nos municípios de Ecoporanga, Montanha, Nova Venécia, São Mateus e Conceição da Barra. Essas barragens são reivindicadas há muitos anos pelas comunidades de assentados, que enfrentam inúmeras dificuldades para produzir alimentos por estarem situadas em uma região que historicamente sofre com as secas.
Além das barragens anunciadas, o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), irá construir, até 2018, outras 32 barragens de pequeno e médio porte no interior capixaba, totalizando investimentos da ordem de R$ 60 milhões. Todas essas barragens são classificadas como de uso múltiplo, ou seja, poderão ser usadas para várias finalidades, como abastecimento humano e animal, irrigação e uso industrial.
Daniel Simões