Durante a reunião do comitê de crise hídrica, na última sexta-feira (06), o prefeito Amadeu Boroto disse que a solução, para enfrentar estiagens como a atual, é a construção de uma megabarragem no Rio Cricaré. Ele afirmou que tem perdido horas de sono com o problema e que não consegue “ver a luz para resolver de imediato” a crise no abastecimento de água potável da cidade, que há 38 dias ininterruptos recebe água salgada pelas torneiras. Porém, em relação à construção de barragem no rio, o prefeito foi alertado pela tenente Élcia, da Polícia Militar Ambiental, para a tomada de todas as medidas legais. Amadeu respondeu que uma megabarragem é uma aspiração para o futuro.
De acordo com Amadeu, a Prefeitura está com nove caminhões-pipa distribuindo água na cidade. Ele agradeceu aos empresários que estão ajudando no abastecimento da população e aos que abriram os poços particulares para as pessoas acessarem a água potável. “Temos água, mas não é potável. A sorte ainda é que estava água serve para higiene da casa. Mas para beber, nem pensar, nem para tomar banho” – reconheceu o prefeito.
SAAE
O diretor do Saae, Luiz Carlos Sossai, fez um breve relato dos problemas enfrentados para abastecimento de água na Cidade. Ele afirmou que o teor de sal no ponto de captação de água bruta da autarquia no Rio Cricaré estava no dia 06 (sexta-feira) em 1.980 PPM – o máximo recomendado para consumo humano é 250 PPM. Sossai reafirmou que, para ele, a solução não está na construção de poços artesianos, e que esta é uma opção paliativa. “Seriam necessários 51 poços. Não tem empresa disponível para perfurar poço, que demora entre 20 e 30 dias para ficar pronto. Além do mais, deve haver um estudo para identificar os locais de perfuração, já que um poço não pode ser perfurado ao lado de outro”.
Segundo Sossai, as últimas medições para identificar o nível de salinidade da água em pontos distintos do Rio Cricaré aconteceram no dia 28 de outubro. No ponto de captação do Saae, o índice estava naquela data em 3.910 PPM. Na captação da Cesan para Conceição da Barra, no Bairro Jambeiro, deu 2.484 PPM. No local conhecido como Cachimbo da Veia, o teor de
sal atingia 736 PPM. Ainda de acordo com Sossai, onze quilômetros rio acima do ponto de captação do Saae (medida em linha reta), o índice estava em 207 PPM.
DECRETO
O decreto de calamidade pública foi encaminhado na tarde da última sexta-feira (06) para a Procuradoria e será assinado na segunda-feira, segundo informou a secretária Sandra Pacheco.
Aos governos Federal e Estadual, a Prefeitura apresentará os seguintes pedidos para ação imediata: contratação de 16 caminhões-pipa de água potável (Cidade e interior); 2.000 caixas de 500 litros (para quem não tem reservação); 5.000 galões de 20 litros para distribuir à população, abertura de 12 poços artesianos (6 na Cidade e 6 no interior), 10 caixas d’água de 15.000 litros para serem colocadas em locais estratégicos; 2.500 horas de máquina para abrir poços de dessedentação animal; 20.000 km de caminhão-prancha (para movimentar máquinas) e 2 caminhões/mês de água não potável para animais no interior, onde não houver poço.
Para longo prazo, a reivindicação será para diagnóstico e recuperação de nascentes, estudo e projeto para construção de barragem para reservação de água para a cidade e para construção de ressalto hidráulico (dique) a fim de evitar que a água salgada adentre o rio
e ainda construção de barragens coletivas para produtores rurais.
Tribuna do Cricaré