A China deverá se unir às principais ligas, tanto na produção de café como no consumo, apesar de uma grande disparidade entre o que produz e o que bebe, de acordo com um relatório da Organização Internacional de Café (OIC).
Embora o país mais populoso do mundo mantenha uma esmagadora preferência por chá – as vendas varejistas ultrapassam as de café em quase 10 para um -, o consumo chinês de café está “crescendo a taxas de duplos dígitos e mostra poucos sinais de desaceleração”.
A demanda em 2013/2014 alcançou 1,89 milhão de sacas, mais que o quádruplo das 446 mil de sacas consumidas uma década antes.
E mesmo com esse nível, a demanda per capita é equivalente a cerca de 0,083 quilos por ano, equivalente a cerca de cinco ou seis xícaras de café, e apenas uma fração do consumo per capita de 4,9 quilos por ano na União Europeia (UE) e de 4,4 quilos por ano nos Estados Unidos.
De fato, em comparação com o Japão, cujo crescimento no consumo entre 1964-1973 a China segue de perto 40 anos depois, sugere que há um espaço considerável para mais crescimento.
Enquanto o Japão “agora tem uma cultura avançada de café, composta predominantemente de arábica e com uma capacidade de processamento desenvolvida”, esse processo demorou “30-40 anos”. “A China está ainda nos estágios muito precoces de seu desenvolvimento de café”.
No final da década, a “China poderá estar consumindo mais de 4 milhões de sacas por ano, com muito potencial para mais crescimento”.
O consumo nesse nível, nas atuais taxas, colocaria a China entre os 10 maiores consumidores do mundo, no mesmo nível de Indonésia, Rússia e Canadá, apesar de atrás de países como Estados Unidos, Brasil, Alemanha e Japão.
Entretanto, diferentemente da maioria dos 10 maiores consumidores, a China está surgindo como um produtor substancial também, com sua produção em 2013/2014 devendo ser de 1,95 milhão de sacas – cinco vezes mais que as 386.000 sacas na década anterior e ficando em 14o lugar, à frente da Costa Rica, entre nas nações produtoras de café.
A maior parte do crescimento na China é em Yunnan, no sul – fronteira com o Vietnã, segundo maior produtor mundial de café -, tradicionalmente uma província produtora de chá, mas onde os baixos preços de chá encorajaram os produtores a mudar os cultivos.
“Os produtores podem dobrar seus rendimentos [com café]comparado com o chá na mesma área”, disse a OIC, dizendo também que a terra montanhosa e o clima ameno “são bem adequados para a produção de café”.
De fato, a China atualmente tem “uma presença bastante neutra no balanço global”, disse o relatório, sinalizando uma tendência em Yunnan de aumentar a produção para 4 milhões de sacas até 2020, o que provavelmente colocaria a produção e o consumo do país em um nível aproximado.
No entanto, parece haver uma margem substancial para os comerciantes de café, considerando que a China produz principalmente grãos arábica – mas bebe principalmente robusta. As importações e as exportações apresentaram crescimento de duplos dígitos na última década, para mais de 1 milhão de sacas por ano.
O Vietnã é a principal origem do café importado pela China, enquanto o maior destino para suas exportações é a Alemanha, com uma participação de cerca de 40%, seguida por Estados Unidos, Bélgica, Malásia e França.
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