A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida por “doença da vaca louca”, atinge o sistema nervoso dos ruminantes, como bois, búfalos e cabras, provocando alternações no comportamento dos animais. A médica veterinária do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Daniele da Costa, esclarece que se trata de uma doença muito grave, que pode, inclusive, acometer os seres humanos. Não há registro da incidência da enfermidade no Brasil, mas, para manter o país livre é fundamental que os produtores sigam algumas orientações.
A “doença da vaca louca” é provocada por uma proteína, denominada príon, encontrada no tecido nervoso de animais infectados. A principal via de transmissão é por meio da ingestão de alimentos contendo farinhas de carne e ossos, feitos com a carcaça de animais enfermos.
Agente
Por isso, para se evitar a EBB, não se deve alimentar os ruminantes com produtos de origem animal. Daniele destaca que é proibido também utilizar na alimentação resíduos da criação de suínos e aves, pois a ração direcionada a estas espécies é feita com proteínas de origem animal, podendo as fezes veicular o agente transmissor da doença.
A médica veterinária explica que antes de alimentar os bovinos ou outros ruminantes com rações, concentrados ou suplementos protéicos, o produtor deve conferir se no rótulo desses produtos se encontra a indicação: “Uso proibido na alimentação de ruminantes”. De acordo com Daniele é fundamental ainda que o pecuarista entre em contato com o Idaf se observar animais com os seguintes sintomas: alternações do comportamento, dificuldades de locomoção, paralisia e andar cambaleante.
No decorrer de todo este ano serão feitas fiscalizações periódicas em propriedades rurais, principalmente em locais de maior risco, como os próximos a granjas e fábricas de ração. Nestas ações os ingredientes que compõem os alimentos serão analisados por equipes do Idaf. Se forem identificadas substâncias proibidas, os animais que comeram esses produtos poderão ser sacrificados, conforme determina a Instrução Normativa 41/09 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
É importante destacar que atualmente não existe um tratamento específico para a doença e o diagnóstico da mesma é muito difícil. Além dos cuidados com a alimentação, para evitar a introdução do agente da EEB no país, o Mapa vem adotando medidas restritivas à importação de animais e de subprodutos de países considerados de risco.
Diagnóstico da “doença da vaca louca”
No Espírito Santo o único Laboratório autorizado a realizar exames de diagnóstico da raiva é o Instituto Biológico do Estado do Espírito Santo, localizado em Cariacica, sob a coordenação do Idaf. A responsável técnica pelo Laboratório de Diagnóstico da Raiva, Karina Miranda Marinho, explica que os sintomas da EBB são semelhantes aos da raiva, pois ambas são doenças que atingem o sistema nervoso dos animais.
Sendo assim, se uma amostra de um animal tem resultado negativo para a raiva, após um segundo exame, o material é enviado ao Laboratório Nacional Agropecuário do Mapa (Lanagro), em Pernambuco, para se efetuar o diagnóstico da EBB. Seguindo os critérios do Ministério este procedimento é feito com as amostras de bovinos com idade acima de 24 meses e ovinos e caprinos acima de 12 meses. É importante ressaltar que este exame é obrigatório nos animais importados de países de risco.
Atualmente, no Brasil, há seis laboratórios autorizados a realizar o diagnóstico da “doença da vaca louca”. Em 2010, foram enviados ao Lanagro pelo Idaf, 41 amostras para exame, sendo que todos os resultados deram negativos.
Jória Motta Scolforo

