A qualidade é um fator importante para as mais diversas cadeias produtivas, contribuindo significativamente na produção e consumo de um produto. Esse tema será abordado pelo médico veterinário com especialidade em suínos, Dr. Luciano Roopa, no Congresso “Produção e consumo mundial de carnes” que ocorre durante a PorkExpo 2008, em Curitiba (PR).
Segundo o especialista, e presidente do Congresso, a carne considerada “suína moderna” tem hoje um padrão em termos de qualidade nutricional. A imagem que as pessoas tinham era de que a carne suína continha muita gordura e colesterol. Ao longo dos anos, com a genética e melhora da nutrição, maneira diferenciada na criação dos animais, esse percentual foi diminuindo e hoje, o lombo do suíno tem a mesma quantidade de colesterol do que o peito de um frango. “Hoje o suíno produzido tanto no Brasil, como em outros países, dentro da suinocultura tecnificada, apresenta uma qualidade de carne condizente com o padrão internacional”.
Roppa frisa que a carne produzida no Brasil é de excelente qualidade, sendo o quarto maior exportador mundial de carne suína. Nos primeiros sete meses o país exportou para 63 países diferentes. “Esse ano deveremos chegar perto de 620 a 630 mil toneladas de carne exportada, dentro do padrão de qualidade brasileira”, projeta o especialista.
Conforme Roppa, a indústria e o suinocultor estão trabalhando em sintonia na busca de um mesmo objetivo: produzir uma carne de qualidade dentro do conceito alimentar. E com isso, lembra ele, o mercado suinícola brasileiro tem crescido muito no exterior. O consumo interno, com base na exportação, também tem se mantido em quantidades constantes nos últimos sete a oito anos. A produção cresceu 20% e a exportação 400%. “A cadeia de suínos do Brasil está se organizando cada vez mais para desenvolver um produto de melhor qualidade, melhor segurança alimentar, toda acessibilidade possível para continuar conquistando novos mercados no exterior”.
Hoje, segundo o especialista, a principal barreira que a cadeia suinícola brasileira enfrenta é ser altamente competitiva, o que incomoda os grandes produtores lá fora. “Abrir as portas da carne suína brasileira – que é de boa qualidade – significa acabar com a suinocultura de vários países que tradicionalmente produzem esse tipo de carne”. Os países europeus/americanos subsidiam fortemente sua produção. Todos os grandes concorrentes do Brasil fazem de tudo para evitar a entrada da carne suína brasileira, assim como a de frango e bovina, porque nós somos competitivos e isso incomoda muita gente, completa Roppa.
E a forma desses países segurarem o Brasil é através de barreiras sanitárias, alfandegárias, assim que se consegue suplantar uma exigência em seguida vem outra. Entretanto lembra Roppa, temos que entender que eles estão defendendo os interesses nacionais deles. Em palestra do ex-ministro da Agricultura e do Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, diz o especialista, foi citado que o Brasil gasta hoje por dia um bilhão em subsídios para manter essas produções ineficientes em outros países. As associações de produtores nos países desenvolvidos têm força, especialmente na área política, e assim, continuam mantendo taxações contra os países em desenvolvimento que são muito competitivos, como o caso do Brasil.
De acordo com Roppa, estamos em um momento muito interessante em termos de suinocultura brasileira e mundial. Há fortes estimativas de preços neste ano. Isso se deve ao fato de que muitos países estão diminuindo a produção de carne suína, por uma série de fatores. Na China houve abatimento de um grande número de matrizes, diminuindo a produção do país em quatro a cinco milhões de toneladas por ano. O aumento dos preços do milho e da soja no mercado internacional também inviabilizou os suinocultores altamente subsidiados da Europa e Estados Unidos. Na Espanha, por exemplo, o Kg vivo ao produtor está € 1,39 centavos, enquanto o custo de produção é de € 1,60 centavos. Isso ocorre em diversos outros países como Holanda, Dinamarca e Alemanha. Do final de 2007 até agora, a Espanha abateu 238 mil matrizes; Nos EUA 51 mil e no Canadá 113 mil. “Nesse momento está tendo menos oferta e no próximo ano, essas matrizes não estarão parindo e haverá menos quantidade de carne suína no mercado internacional. Como o Brasil é um país exportador terá maior oportunidade de aumentar suas exportações”.
A PorkExpo 2008 com o tema “A produção de suínos no segundo decênio do século XXI” é destacada por Roppa pela sua magnitude. É a maior feira da América Latina e segunda maior do mundo, destacando ainda a presença de 150 empresas já confirmadas para o evento. “Os debates serão muito interessantes para os suinocultores que aproveitarão tanto as palestras técnicas, como poderão visitar os stands para ver o que há de mais moderno sobre a suinocultura brasileira e mundial”. O Congresso “Produção e consumo mundial de carnes” é voltado para todas as pessoas que trabalham na suinocultura, abordando desde o criador até o presidente de uma indústria com temas específicos, de interesse para todas as classes. Serão 51 palestras com especialistas nacionais e internacionais, trazendo assuntos como mercado mundial, tendências e desafios para a suinocultura. O evento acontece de 30 de setembro a 2 de outubro, na Estação Embratel Convention Center, em Curitiba, no Paraná.
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