O Plano Agrícola Comum (PAC) a ser colocado em vigor pela União Européia Europa pretende reduzir em 13% o montante de 42 bilhões de euros de auxílio direto a produtores e aplicar os recursos em desenvolvimento rural, pesquisa e projetos de irrigação.
– Nosso objetivo é reduzir os pagamentos em cheque aos produtores e investir mais em outras áreas, como combustíveis alternativos – disse Michael Mann, porta-voz do comissário de agricultura e da UE. Os grandes fazendeiros terão os maiores cortes.
O orçamento agrícola europeu vale por sete anos. Em 2013, Mann espera que o volume de subsídios seja reduzido. Em novembro, a proposta do PAC será analisada no Conselho, presidido hoje pelo francês Nicolas Sarkozy, que já se declarou contra liberalização comercial.
– Esperamos que a maior parte dos 27 países da UE aceite. Não há constrangimento na política de subsídios. O fazendeiro não ganha a ajuda do nada. Tem contrapartidas a cumprir – acrescenta.
O valor investido pela União Européia corresponde a 40% de todo o orçamento do organismo.
A comissão de Agricultura da UE admite cortar a média de tarifas de importação de produtos agrícolas vindos de outros países, como o Brasil. Mann acha que 21 de julho será fundamental para a discussão.
Proposta
– Ainda temos tarifas de importação muito altas. Isso nos leva à Rodada de Doha. Muitos acham que é a última chance de acertar Doha antes das eleições americanas. Se não for feito agora, ela não sairá antes de dois anos – Temos uma proposta generosa: reduzir em mais de 50% as tarifas de importação para a média dos produtos. Para isso, outros países como EUA, Canadá e Austrália devem aceitar mais exportações européias – explica.
O Brasil ganhou um importante aliado na luta política a favor dos biocombustíveis na Europa. O comissariado de Energia da UE tem acompanhado de perto a questão. Os biocombustíveis são importantes porque, além do aspecto ambiental, ajudam a diminuir a dependência do petróleo de países como Rússia, Noruega, Arábia Saudita, Líbia e Irã. A Comissão pretende que europeus usem pelo menos 10% de biocombustíveis nos carros até 2020.
– Para isso, precisaríamos de mais 4 milhões de toneladas de produtos agrícolas – diz Ferran Espuny, porta-voz do comissário Andris Piebalgs. – Hoje a produção é de 2 bilhões de toneladas. Como o nosso aumento pode ter impacto nesse número?
Espuny argumenta que não há relação entre a produção de biocombustíveis e a fome, ao contrário do que dizem organismos internacionais como a ONU.
– A cana-de-açúcar é usada para fazer etanol no Brasil. No mundo, o preço do açúcar foi o que mais caiu. O do arroz, que não é usado para combustíveis, o que mais subiu. Os aumentos mais têm a ver com o aumento de demanda de países como China e Índia.
Jornal do Brasil

