Sindicatos Rurais buscam acordo para uso da água na produção de alimentos

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gotejamento_1_wO Sindicato Rural de Linhares está articulando um acordo de cooperação com o Comitê de Bacia Hidrográfica Pontões e Lagoas para flexibilização do uso da irrigação na agricultura visando a produção de alimentos e a geração de renda na região. A proposta, enviada em ofício nesta semana ao Comitê, é assinada em conjunto com os Sindicatos Rurais de Sooretama e Rio Bananal, municípios que também fazem parte da área desta Bacia Hidrográfica e estão sofrendo com a seca na região.

O documento solicita a flexibilização da resolução estadual vigente para que os produtores rurais utilizem seus sistemas de irrigação localizada (gotejamentos, micro-jet e microaspersão), considerados tecnicamente mais eficientes e sustentáveis, de segunda a sexta-feira no período diurno nos corpos d’água nos municípios de Linhares, Sooretama e Rio Bananal que fazem parte da Bacia Hidrográfica de Pontões e Lagoas.

A justificativa do setor produtivo dos municípios é que a legislação de recursos hídricos, que atualmente proíbe a irrigação durante o dia nos municípios, está inadequada com os diferentes cenários encontrados no Espírito Santo. “A oferta de água em Linhares é diferente do que em Montanha, que difere de Pinheiros e outros municípios”, diz o documento assinado pelos presidentes dos três sindicatos (Antonio Marangonha – Linhares, Israel Eswad – Sooretama e Eristeu Giuberti – Rio Bananal).

O documento ainda cita que os horários de irrigação no período noturno, indicados pela resolução da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), não são tecnicamente viáveis por alguns motivos, entre eles: a eficiência da irrigação nas lavouras no período diurno é mais elevada do ponto de vista agronômico do aproveitamento da planta para o seu desenvolvimento; operacionalmente, há necessidade de manutenção dos sistemas de irrigação para seu correto funcionamento garantindo a eficiência das tecnologias mais sustentáveis e a operação do sistema a noite compromete sua manutenção adequada; os produtores rurais precisam se adequar ao sistema energético nacional com a utilização de energia em horários apropriados seguindo este conceito.

Retorno econômico e social das áreas irrigadas nos municípios

Os Sindicatos Rurais destacam no documento que, tomando como base o exemplo da Lagoa Juparanã, que compreende os municípios de Linhares, Sooretama e Rio Bananal, atualmente existem cerca de 6.000 hectares de área irrigada nas propriedades rurais com captação de água nesta lagoa. Os principais produtos cultivados nessas áreas são: café, mamão, banana, coco, pimenta do reino, cacau e seringueira.

A área irrigada citada emprega 6.000 trabalhadores de forma direta e mais 18.000 pessoas, aproximadamente, vivem das atividades agropecuárias nessas áreas, sendo que, desse total, cerca de 50% residem na área rural evitando a migração para centros urbanos. O salário médio dos trabalhadores das áreas irrigadas acima é de R$ 1.100,00/mês. Sem contar os benefícios trabalhistas, somente com os salários, os trabalhadores das áreas irrigadas às margens da Lagoa Juparanã recebem, mensalmente, R$ 6.600.000,00 (seis milhões e seiscentos mil reais) movimentando toda economia regional.

O documento enviado ao Comitê de Bacia Hidrográfica Pontões e Lagoas ainda diz que, considerando as outras 63 lagoas do município de Linhares somente, é possível ter uma dimensão do benefício econômico e social que a agricultura proporciona e que isso só é possível devido às tecnologias empregadas no processo de produção, utilizando práticas adequadas de manejo e insumos essenciais para produção de alimentos, como é o caso da água.

Redação Campo Vivo

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