China quer ampliar cooperação com o Brasil no agronegócio, diz embaixador

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Foto: Raphael Salomão/Ed.Globo

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, disse, nesta quarta-feira (27/2) que a China pretende aumentar a cooperação com o agronegócio do Brasil em áreas como processamento e em sistemas de inspeção de produtos como forma de intensificar a parceria no setor. Ele discursou em encontro promovido pelo Lide China, em São Paulo (SP).

O evento reuniu autoridades e representantes de empresas brasileiras e chinesas de diversos setores. De acordo com a organização, o encontro celebra os dez anos em que a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio que, em 2018, superou os US$ 100 bilhões entre valores de exportação e importação.

“O agronegócio é parte importante de nossa cooperação. A parte chinesa gostaria de ampliar a cooperação na área de processamento de produtos agrícolas”, disse o diplomata, prevendo uma demanda cada vez maior do mercado chinês por produtos agropecuários.

Em seu discurso, o embaixador se disse otimista em relação à economia brasileira, mencionando a disposição do governo em fazer as reformas necessárias para estimular o desenvolvimento. Afirmou ainda que a cooperação econômica entre Brasil e China está entrando no que chama de uma nova fase, menos voltada para a velocidade e mais para a qualidade.

“A China tem sido o maior parceiro comercial por dez anos. O investimento chinês é o que mais cresce no Brasil, com estoque total de mais de US$ 70 bilhões. A qualidade dessa parceria subiu para um novo patamar, a pauta comercial vem sendo otimizada”, afirmou Wangming.

O diplomata observou também que empresas chinesas de setores como finanças e seguros observam o Brasil como um importante mercado. Reforçando sua expectativa de aumentar o que chamou de cooperação pragmática, ele defendeu ainda fortalecer a relação bilateral em áreas como infraestrutura e na governança econômica global.

Wangming pontuou que está acreditado como embaixador chinês no Brasil há dois meses. Mas, nesse período, vem mantendo “contato frequente” com autoridades brasileiras, das quais afirmou ter ouvido o compromisso de esforços para melhorar a parceria bilateral, sobretudo no comércio.

Em tom otimista, ressaltou que Brasil e China possuem complementaridade econômica e potencial de cooperação. E disse esperar que, durante sua atuação, possa fortalecer o diálogo com o empresariado brasileiro.

“Atribuímos grande importância ao intercâmbio como empresariado para promovermos juntos projetos pragmáticos concretos”, afirmou.

De acordo com a Associação Brasileira da Empresas Chinesas (ABEC), há mais de 200 companhias com origem na China atuando no mercado brasileiro. Entre os principais setores, estão infraestrutura, agronegócios, finanças, tecnologia e logística.

“As empresas chinesas estão otimistas em relação ao desenvolvimento do Brasil. Enxergamos novas oportunidades evamos continuar orientando mais empresas chinesas a investir no Brasil”, afirmou o presidente da Associação, Wang Yan Song.

Em seu pronunciamento, o presidente do Lide China, Marcelo Braga Nascimento, disse acreditar que que 2019 será um ano de fortalecer parcerias entre brasileiros e chineses. Na avaliação dele, essa relação é benéfica para os dois países e deve ser incentivada e fomentada.

“Diferentemente de outros países que estão quebrando as duas alianças, acreditamos que 2019 será um ano de fortalece-las, ajustando os pontos necessários para fomentar a reciprocidade entre os povos e as relações comerciais sino-brasileiras”, disse ele.

Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho, defendeu a agregação de valor das exportações do Brasil para a China. “Quase 80% das nossas exportações são commodities, de baixo valor agregado. É preciso agregar mais valor às matérias-primas e aos insumos brasileiros”, afirmou.

Globo Rural

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