Sustentabilidade é atributo para exportação de carnes

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Em mercados onde a importação de carne bovina brasileira está consolidada, a sustentabilidade na produção, como desvinculação de desmatamento e do trabalho escravo, já é considerada uma ferramenta importante para ganho de market share. Sustentabilidade não é mais custo, é atributo comercial para vender e estamos explorando isso hoje na JBS , afirma o presidente da JBS Mercosul, Miguel Gularte, durante evento na quarta-feira. Para o executivo, trata-se de um caminho sem volta , ou seja, quanto maior a capacidade de comunicar a existência destes requisitos, mais eles serão valorizados.

Gularte também destaca que a estratégia deve equalizar a competitividade entre os frigoríficos nacionais. Não é justo que uma empresa se preocupe com sustentabilidade e outra não, diz.

Na concorrência, o presidente da Marfrig Global Foods, Martin Secco, lembra que a companhia sempre teve um compromisso grande com os programas de sustentabilidade. A exemplo disso, a empresa fornece cortes produzidos em áreas de pastagens recuperadas, livres de degradação, em biomas da região Norte sem desmatamento, integrando todos os elos da cadeia – do pecuarista ao varejo.

O Brasil possui 200 milhões de animais , enquanto os Estados Unidos têm 88 a 90 milhões. É o segundo maior exportador mundial de carnes, atrás apenas da Índia. Nossa relação entre estoque e abate está em 20% e nos Estados Unidos supera 30%, explica Secco, para dimensionar a importância do País para a pecuária global e a responsabilidade de suas ações para o mundo.

Além do câmbio

Oficialmente, a única exigência de acesso aos mercados compradores é a questão sanitária. Porém, mesmo com o câmbio ainda favorável para exportação, a ideia é articular medidas em outras frentes que garantam os embarques, independente da movimentação na moeda norte-americana.

De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), Fernando Sampaio, a sustentabilidade faz diferença no varejo dos países onde a exportação já está consolidada.

Você já tem uma pressão consumidora entre as empresas [do varejo internacional]. As indústrias que estiverem prontas para encarar este desafio vão sair na frente , analisa Sampaio. Dentre os provedores destas exigências é possível citar a União Europeia e os Estados Unidos.

Com a entrada da nova equipe no Ministério da Agricultura, questões tributárias, trabalhistas e demais prioridades serão levadas ao governo para avançar na abertura de mercados estratégicos. Uma das grandes apostas do ano é o acesso aos norte-americanos por meio da carne bovina in natura, que ainda depende de uma visita de brasileiros ao país para finalizar o processo.

Atualmente, o principal player é a China, cujas compras atingiram 10 mil toneladas somente em abril, e segue entre os líderes na importação desde a reabertura, no segundo semestre de 2015.

Cenário ambiental

Levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado nesta semana, mostra que, de 2005 a 2009, o Brasil registrou uma queda de 36% na taxa de desflorestamento da porção da Amazônia nacional. Apesar desses progressos, de 1990 a 2015, houve uma redução de quase 55 mil hectares no tamanho de suas florestas, daí a necessidade de fomentar a produção sustentável.

 

DCI

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