Pecuária sustentável deve se tornar norma na américa latina e caribe, diz FAO

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A produção pecuária sustentável deve se tornar norma na América Latina e no Caribe, para garantir a proteção dos recursos naturais que sustentam a segurança alimentar, afirmou no dia 24 de junho de 2016 a FAO no encontro Agenda Global para a Pecuária Sustentável, ocorrido no Panamá.

Mais de 200 representantes de governo, sociedade civil, academia e associações de produtores pecuários de 50 países assinaram a Declaração do Panamá, a qual adotou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) como o marco que apoiará sua ação no nível mundial.

Segundo a FAO, nas últimas décadas ocorreu um aumento importante da demanda mundial por produtos de origem animal, que até 2050 aumentará 70%.

A América Latina respondeu a esta tendência tornando-se o principal exportador global de carne bovina e de aves, e um grande produtor de carne de porco e lácteos. No entanto, esse processo de crescimento ocorreu, em sua maioria, mediante sistemas intensivos de produção, com o consequente impacto ambiental.

“Mais de 70% dos pastos da região apresentam um nível moderado ou severo de degradação, afetando seriamente a sustentabilidade dos recursos naturais”, disse Tito Díaz, coordenador da FAO para a Mesoamérica (que inclui o sul do México e países da América Central).

Durante a sexta reunião da Agenda Global de Pecuária Sustentável, os ministros latino-americanos destacaram a necessidade de articular suas políticas pecuárias com as de desenvolvimento rural, social e ambiental para alcançar a sustentabilidade.

Além disso, concordaram em garantir a participação ativa da região na formulação e execução dos planos de trabalho da Agenda Global a partir das prioridades definidas pelos países da Comissão de Desenvolvimento Pecuário para América Latina e Caribe.

Um setor estratégico para a segurança alimentar

A pecuária é um setor estratégico para a segurança alimentar regional: segundo a FAO, 25% das calorias e 15% das proteínas consumidas por seus habitantes são de origem animal.

O setor pecuário na América Latina e Caribe contribui com 46% do PIB agrícola da região, mas apenas cinco países respondem por cerca de 75% da produção regional.

Aproximadamente 80% dos produtores pecuários da região são pequenos agricultores familiares, que desenvolvem uma tradução pecuária extensiva e rural.

“Estes produtores representam uma oportunidade-chave para que os governos impulsionem formas sustentáveis de produção através de políticas inovadoras e adequadas às suas necessidades”, afirmou Diaz durante a reunião.

A importância para a segurança alimentar dos pequenos produtores pecuários é reconhecida pelo principal acordo regional de erradicação da fome, o Plano de Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que fomenta esse setor por meio de políticas sociais, econômicas e de desenvolvimento rural.

Uma alternativa que tem funcionado bem na região em termos de sustentabilidade são sistemas silvipastoris, que combinam árvores, pastagens e animais dentro do mesmo lote.

Em zonas de reservas camponesas na Colômbia, a FAO tem apoiado esses sistemas que permitem uma melhor conservação do solo, melhorar pastagens e dar uma alimentação mais balanceada aos animais.

“As árvores dão sombra para o gado, melhoram a fertilidade dos solos e permitem renda econômica adicional de médio e longo prazo com a madeira”, disse Diaz.

Outra prática que aumenta a sustentabilidade do setor pecuário é o tratamento de resíduos da produção agrícola, como o esterco do gado para gerar adubo agrícola de alto valor nutricional – e biogás para ser utilizado como combustível.

Essas iniciativas reduzem o potencial de contaminação da água e da atmosfera, contribuindo para reduzir os custos de produção e melhorar as cadeias de valor de pequenos e grandes produtores.

De acordo com a FAO, o aumento do uso dessas tecnologias no mundo, juntamente com as melhores práticas na alimentação, saúde e criação de gado, poderia ajudar o setor pecuário mundial a reduzir a sua produção de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global em até 30%.

ONU Brasil

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