Leite segue em alta no país; lá fora, recuperação só em 2017

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producao_leite_altaEnquanto os preços internacionais de lácteos seguem em níveis historicamente baixos, as cotações domésticas continuam a subir, e ainda não está claro quando a alta dará uma trégua.

Levantamento do MilkPoint indicou aumento de 14,3% nos preços médios do leite no mercado spot (negociação entre laticínios) no Brasil, nas transações para entrega do produto na primeira quinzena de julho em comparação ao período anterior. A cotação do leite subiu R$ 0,27, para R$ 2,16 por litro.

A valorização no spot reflete as altas do leite longa vida e do queijo muçarela no atacado, observou Valter Galan, analista do MilkPoint. Em junho, segundo ele, o leite longa subiu R$ 0,66, para R$ 3,79 por litro no atacado de São Paulo. Já o queijo teve alta de R$ 4,39 por quilo no período, para R$ 21,79.

Os preços no spot e ao produtor têm subido por conta da menor oferta de leite no país. A estimativa do MilkPoint é que tenha havido recuo entre 6% e 7% na produção no semestre em relação a igual período de 2015. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre, a retração foi de 4,5%, para 5,86 bilhões de litros.

A expectativa de Galan é que o ritmo de queda da produção diminua no semestre atual. “A relação de troca com os insumos para o produtor deve melhorar”, disse. Desde a segunda metade de 2015, a alta do milho vinha desestimulando o investimento na alimentação do gado, o que afetou a produção de leite no país. Mas agora os preços do grão começaram a cair com a colheita da safrinha.

Embora haja expectativa de que a oferta de leite comece a melhorar neste semestre, o que pode desalecerar a alta, ainda haveria espaço para repasses aos produtos finais no varejo, segundo Galan. Isso porque, apesar de terem registrado alta expressiva, subiram menos que no atacado. Entre janeiro e junho, os preços nominais do longa vida no atacado subiram 63,2%, considerando as médias mensais. No varejo, tiveram alta de 35,8%, conforme dados compilados pelo MilkPoint.

No mercado internacional, que tem registrado estabilidade recentemente, a expectativa é de que os preços dos lácteos comecem a subir no primeiro semestre de 2017, segundo o holandês Rabobank. Mas, em relatório divulgado ontem (06), o banco admite que os altos níveis de estoques e a demanda global ainda fraca por lácteos podem ameaçar a recuperação prevista.

Outro fator que pode afetar a recuperação é a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. O enfraquecimento do euro em relação ao dólar por conta do Brexit aumentaria a competitividade dos lácteos europeus na exportação. Isso reduziria o nível dos estoques na UE, mas colocaria pressão sobre as cotações internacionais, já que manteria os preços ao produtor de leite europeu em níveis favoráveis.

Diante do atual cenário – de oferta ainda crescente de lácteos na União Europeia, EUA e Nova Zelândia e de uma demanda que patina na Rússia e cresce pouco na China -, o Rabobank prevê um aperto na oferta no ano que vem. Isso, à medida que os pecuaristas ao redor do mundo ajustem a produção como reflexo dos preços baixos. “Produção menor e aumento estável da demanda nos EUA e Europa irão significar que os excedentes exportáveis na maior parte das regiões exportadoras serão dramaticamente reduzidos”.

Isso representaria, calcula o banco, um redução de mais de 1,5 milhão de toneladas nos volumes disponíveis no segundo semestre para atender o mercado global.

MilkPoint

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