Pesquisadores identificam nova espécie de gafanhoto que causa danos a bananais no ES

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Pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em conjunto com profissionais da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e da Universidade Federal do Viçosa, em Minas Gerais, detectaram frutos de banana no Espírito Santo apresentando danos na casca e na polpa devido a uma praga.

Ninfas e adultos foram coletados e uma chave de identificação foi utilizada para descobrir a espécie causadora. Tratava-se do gafanhoto Meroncidius intermedius. Este é o primeiro registro dessa espécie causando danos à cultura de banana. Anteriormente havia sido registrada no Brasil em 1950, mas ainda não havia sido relatada em culturas de importância econômica.

De acordo com o pesquisador e entomologista do Incaper José Salazar Zanúncio Júnior, a identificação e o relato de espécies de insetos que causam danos às culturas são o primeiro passo para impedir que elas causem prejuízos para os agricultores. “Este trabalho buscou informar à comunidade científica sobre o primeiro relato de Meroncidius intermedius causando danos em cultura comercial e alertar os produtores do risco que esse inseto oferece à cultura da banana, além de informações sobre o comportamento da praga. Esse estudo serviu de base também para a defesa fitossanitária, uma vez que o conhecimento dessa praga é importante para as ações de manejo a fim de se evitar o seu avanço”, falou o pesquisador.

Segundo o pesquisador, os danos causados pela praga concentram-se nos frutos que ficam com marcas na casca, o que reduz seu valor comercial. Essa praga não ataca a planta. “O Instituto ainda estuda formas de recomendação de controle. Porém, o que já podemos orientar é que seja feita a catação manual dos insetos quando encontrá-los e matá-los”, falou o pesquisador.

No estudo desenvolvido pelo Incaper, foi observado que os surtos ocorrem no final do inverno (agosto) até o início da primavera (setembro). No final da primavera (novembro), teve uma redução na frequência das espécimes. A alimentação ocorreu à noite e as perdas foram de 10-40% dependendo da época do ano. As fêmeas utilizam o ovipositor para abrir fendas nos galhos onde colocam os ovos. Os ovos não foram encontrados nas plantações de bananeiras e os danos eram maiores nas bordas das plantações de banana. Isso indica que a postura é feita em vegetação nativa e posteriormente M. intermedius migra para a cultura de banana à procura de alimento.

É necessário que estudos sejam feitos visando entender melhor sobre o desenvolvimento da praga, assim como seu potencial de dano. É importante fazer uma avaliação do ecossistema como um todo, pois possibilita um amplo planejamento e subsidia na tomada de decisão.

Cultura da banana no mundo e no ES

Mais de 120 países se dedicam ao cultivo de banana no mundo. O Brasil é o quarto maior produtor mundial (6.844.491 t), ficando atrás apenas da Índia (29.724.550 t), China (11.791.900 t) e Filipinas (8.884.857 t). Atualmente, Bahia (1.068.341 t) e São Paulo (998.038 t) são os Estados que mais produzem banana. O país também exporta a fruta, principalmente para o Uruguai e a Argentina.

Presente em mais de 90% dos municípios capixabas, com uma área cultivada de 26.320 hectares, a bananeira é a fruteira de maior importância social no Espírito Santo. Facilmente adaptável, ela é cultivada em 17 mil propriedades rurais, predominantemente familiares, e gera cerca de 30 mil ocupações em sua cadeia produtiva.

Para que plantações de bananas produzam e deem rendimento é necessário ficar atento à composição do solo, pois apresentam uma demanda muito alta de nutrientes (potássio, nitrogênio, cálcio, fósforo, manganês, ferro…). Outro desafio são as pragas. Existem casos de perdas de até 100%. As doenças que causam mais preocupações são mal-do-panamá e sigatoka-negra, respectivamente causadas pelos fungos Fusarium oxysporum f. sp. cubense e Mycosphaerella fijiensis.

Publicação científica

O resultado desse estudo foi publicado em artigo científico na Revista Florida Entomologist. Clique aqui e acesse: http://www.bioone.org/doi/pdf/10.1653/024.100.0329

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