Nova variante do coronavírus prejudica exportação de frutas do ES

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Agricultores temem altos prejuízos com as restrições, uma vez que essa é alta temporada de exportação desse fruto

As restrições de voos de passageiros saídos do Brasil têm afetado a exportação de diversas frutas, entre elas o mamão, que tem o Espírito Santo como maior exportador brasileiro. As vendas do produto para o exterior caíram 10%, segundo levantamento da Associação Brasileira de Produtores Exportares de Frutas (Abrafrutas).

A nova variante do coronavírus, com origem em Manaus (AM), fez com que diversos países europeus proibíssem o trânsito de passageiros vindos do Brasil. E são justamente as nações europeias as maiores compradoras do mamão capixaba.

Os agricultores temem altos prejuízos com as restrições, uma vez que essa é alta temporada de exportação desse fruto, segundo o produtor e exportador Rodrigo Martins, que é conselheiro da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex).

“A principal época do ano de exportações é agora, janeiro é o mês de alta das exportações de mamão. A gente fica apreensivo. Houve alguns casos de não embarcar realmente. O avião não levou. Mas, na maioria dos casos, a gente não consegue nem a reserva do voo e acaba vendendo para o mercado interno”, relata.

Outras frutas foram ainda mais prejudicadas, como o limão, que teve redução de 25% nas exportações feitas pelo país, além do coco (-35%) e dos abacates (-29%).

O problema ocorre porque essas frutas são transportadas nos bagageiros de aviões de passageiros, que foram afetados pelas restrições impostas ao Brasil pelos países europeus, Estados Unidos e Colômbia.

“O mamão por exemplo, é um fruta extremamente delicada, tem maturação muito rápida do dia que sai do pé até chegar na Europa em uma rede de supermercados, por isso vai de avião. Mesmo assim, quando chega, ela só tem mais dois ou três dias para ser vendida”, Alexandre Duarte, diretor de logísticas da Abrafrutas.

Ele afirma que, normalmente, só 10% das frutas exportadas pelo Brasil são transportadas em aeronaves de carga. Isso porque, para que esses voos sejam viabilizados, os aviões precisam ser carregados com 90 toneladas de mercadoria de uma vez.

Os produtores brasileiros ou não têm produto suficiente ou avaliam que a quantidade é grande demais para ser consumida em um único país de destino antes que a fruta estrague. O volume grande também força o preço de venda para baixo.

Ainda assim, alguns produtores estão utilizando essa alternativa na ausência de voos de passageiros.

“Adaptamos nosso negócio a um plano B, de voar em voos de cargueiro, mas eles são muito restritos, são voos mais caros, tornando a nossa fruta mais cara no exterior”, diz Rodrigo.

O representante de Abrafrutas afirma que, no início da pandemia, chegou haver restrição de 70% nos voos. Agora essa redução está em 40%.

“Parte delas [frutas]é vendida no mercado interno, parte vai para a indústria de suco e outros derivados e a outra é exportada na medida do possível, usando parte de aviões cargueiros, mas a redução foi muito grande”, aponta Alexandre.

SOLUÇÃO DIFÍCIL 

O Presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, aponta, contudo, que a permanência desses produtos no mercado interno pode fazer cair o preço do mamão no país, o que prejudica o produtor.

“É uma sinuca de bico séria. O que entristece é não estar vendo uma luz no fim do túnel. Teria que haver uma organização para ver como a gente conquista a exportação via avião cargueiro. Mas mesmo esses voos só saem de Pernambuco e Rio de Janeiro. Para embarcar por lá, teria que fazer transporte terrestre, que encarece demais da logística”, afirma.

Para Alexandre Duarte, a solução para o problema está em uma vacinação rápida e eficaz, que permita o retorno das rotas internacionais de passageiros.

“A solução é o mundo voltar a ser o que era antes da pandemia. Nós tínhamos um fluxo enorme de aeronaves no Brasil. Não tem solução a não ser essa vacina dar certo.”

A Gazeta

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