Conquista de produtor capixaba em concurso internacional de qualidade do cacau gera oportunidades

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O Espírito Santo está no mapa das indústrias de chocolate fino do mundo inteiro. É o que garante a delegação brasileira que esteve no Salão do Chocolate, considerado o maior evento internacional do setor. A expectativa em torno das novas oportunidades de negócios com empresários e chocolateiros do mercado externo aumenta ainda mais com o título que o produtor linharense trouxe do evento. Emir de Macedo Gomes Filho foi o único representante brasileiro selecionado entre as 50 melhores do mundo para participar do concurso de cacau de excelência, que aconteceu durante o Salão do Chocolate. A amêndoa produzida por ele ficou entre as 18 melhores do mundo.

“Isso com certeza alarga nossos horizontes, mesmo tendo muito a avançar. Tudo que acontece de mais moderno e atual estava lá no evento. Foi uma oportunidade muito interessante e eu tive a confirmação de que estamos no caminho certo”, disse o produtor.

A concretização da Cooperativa dos Produtores de Cacau do Espírito Santo (Coopercau), deve ampliar a produção de amêndoas de qualidade na região. Segundo Emir, que também é presidente da entidade, a expectativa é de que a sede da Coopercau seja inaugurada em Linhares ainda no primeiro semestre de 2018.

“Agora nós vamos trabalhar como uma organização para verticalizar a produção. Já estamos com a nossa sede reformada e está pronta para operacionalizar. A expectativa é que esteja em pleno funcionamento no mês de abril, quando começa a safra de cacau”, explica.

A iniciativa deve ampliar a participação de produtores capixabas no mercado externo, já que após a participação no evento, Emir já recebeu a visita e o contato de representantes de empresas internacionais interessadas em fazer negócios. Ele acredita que a possibilidade de fechar uma parceria com empresas do mercado externo dá mais esperança e ânimo aos produtores.

“Essa oportunidade atrai investimentos e nos permite entrar no mercado externo. Lá é onde o produtor é valorizado. Hoje a gente trabalha para abastecer o mercado interno e estamos sendo explorados e sem condições de planejar investimentos na lavoura. Essas novas oportunidades permitem que o produtor se mantenha vivo”, diz confiante.

Município que responde por cerca de 90% da produção estadual de cacau, Linhares esteve representado pelo secretário municipal de agricultura, Franco Fiorot, que integrou a comitiva brasileira na França. Ele participou de uma reunião com o vice-presidente da Confederação de Chocolatiers daquele país, Christophe Bertrand, para apresentar o cacau e as amêndoas produzidas em Linhares. A entidade, que reúne cerca de 1.600 fábricas de chocolate, busca por mais amêndoas de qualidade das regiões produtoras do mundo.

“Durante a missão alinhamos bons contatos institucionais com potenciais parceiros no Brasil e no exterior e de extrema importância comercial para o setor cacaueiro. Conhecemos as inovações do segmento chocolate e aproximamos fábricas da Europa com nossa região produtora”, destaca Franco Fiorot.

Além dos encontros institucionais, Franco destaca que a participação de Linhares no evento internacional é uma grande oportunidade de promover a qualidade do cacau produzido no município num dos maiores eventos de chocolate do mundo, demonstrando ao mercado internacional que o Brasil e o Espírito Santo estão avançando na organização para a produção de cacau fino, com a indicação geográfica e do padrão de qualidade para o cacau capixaba

“A partir desta conquista do Emir, o cacau de Linhares com certeza se configurou como um dos melhores do mundo, reconhecido internacionalmente pelo alto padrão de qualidade”, afirmou Fiorot.

A pesquisadora em tecnologia e ciências agrícolas da Ceplac, Neyde Alice Pereira, que também fez parte da comitiva brasileira no evento em Paris, disse que o fato de um produtor brasileiro ter ficado entre as melhores do mundo, desperta o interesse dos demais produtores do país em produzir amêndoas com qualidade.

“A visão desse concurso é realmente alcançar a profissionalização dos produtores a longo prazo, a sustentabilidade, o reconhecimento e a valorização da diversidade. Quando algum produtor brasileiro participa desse programa, ele divulga a qualidade e as características da amêndoa produzida na região de onde veio. Então os demais produtores já ficam animados e com expectativa para o próximo concurso. O importante eles entenderem que não basta só ter uma variedade boa de cacau. É o trabalho pós colheita que vai realçar sua qualidade da amêndoa. É isso que vai agregar valor ao cacau produzido na propriedade dele”, disse a pesquisadora.

Para Neyde, a conquista do cacau capixaba desperta o olhar dos principais empresários de chocolate do mundo para a região.

“Agora o mundo vai ver o cacau brasileiro com outros olhos. Se foi premiado lá significa que é bom”, ressalta.

Reportagem publicada na edição 36 da Revista Campo Vivo

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