Safra 2019/20 para a cultura de soja ficou para a história

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Cenário só não foi melhor pois o Rio Grande do Sul viu sua produção cair 40% frente ao ano anterior

A combinação entre o maior volume produzido já registrado – cerca de 120,3 milhões de toneladas de acordo com a Conab – e preços em reais que atingiram patamares recordes, trouxe um nível de renda para a atividade nunca antes observado.

O cenário só não foi melhor pois o Rio Grande do Sul viu sua produção cair 40% frente ao ano anterior (-7,7 milhões t) diante do clima seco e das altas temperaturas em grande parte do desenvolvimento da lavoura. No restante do país, apesar do atraso do plantio pela chegada tardia das chuvas, o clima durante o desenvolvimento foi bom, com as precipitações ocorrendo dentro da necessidade e boa luminosidade.

No tocante às cotações, Chicago seguiu vivenciando preços baixos a reboque da percepção de boa oferta global e da tensão comercial entre EUA e China, a despeito da assinatura da primeira fase do acordo comercial entre os dois realizado em janeiro de 2020 (insuficiente para a recuperação do fluxo entre os dois países) e da queda da produção nos Estados Unidos.

Os preços internacionais também foram influenciados mais recentemente pelo cenário de aversão ao risco com a proliferação da Covid-19 para vários países e seus ainda incertos impactos sobre a economia global. No Brasil, no entanto, os preços ao produtor foram beneficiados pelo aumento dos prêmios nos portos na esteira do grande interesse chinês pela soja nacional e pela elevada desvalorização do câmbio no período.

Para se ter uma ideia, enquanto a média da taxa de câmbio entre março e agosto de 2019 foi de R$3,90/USD, neste ano a média acumulada até o momento de preparo desse relatório foi de R$5,23/USD, alta de 34%. O resultado disso é que os preços no Brasil atingiram os maiores patamares nominais da história. O indicador Esalq BM&FBovespa, que refletem as cotações em Paranaguá, chegou a ser negociado a R$116/sc na 2ª semana de maio.

Quanto às exportações, no acumulado do ano até abril, o volume comercializado internacionalmente somou 33,1 milhões de toneladas, alta de 23,5% sobre o mesmo período do ano passado. O grande destaque foi o mês de abril, cujo montante exportado alcançou 16,3 milhões de toneladas, o mais alto já registrado no acompanhamento mensal.

Outro destaque foram as boas margens apresentadas pela atividade de esmagamento no Brasil no acumulado do ano safra até maio/20. Os bons patamares de preço do farelo de soja no mercado doméstico diante da elevada demanda do produto para a produção de ração e exportação – em virtude dos problemas de navegação no Rio Paraná enfrentados pela Argentina – atrelado à alta das cotações do óleo, influenciadas no início do ano pelas expectativas de aumento da mistura de biodiesel para 12% e pela redução da oferta de óleo de palma, levaram à esse cenário.

Apesar da eclosão da pandemia, e o consequente impacto na demanda do diesel, que levou à uma perda de força das cotações do óleo desde o início de abril, os níveis atuais dos preços do produto ainda estão 33% superiores ao ano anterior.

Agrolink

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