Commodities de exportação continuam sob pressão

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produtos-graosA tendência de recomposição da oferta brasileira e a desvalorização do real em relação ao dólar voltaram a derrubar as cotações do suco de laranja na bolsa de Nova York em maio. De acordo com cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), a queda em relação a abril foi de 8,38%, ampliando as perdas na comparação com dezembro do ano passado para quase 30%.

E, no que depender dos mais recentes movimentos dos fundos de investimentos que atuam nesse mercado em Nova York, novas baixas estão por vir. De acordo com informações da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), na semana encerrada no último dia 23 os gestores de recursos (“managed money”) mantinham um saldo líquido vendido de 882 contratos, quatro vezes mais que o total registrado na semana anterior.

O pessimismo em relação aos preços cresceu com a confirmação de que o aumento da produção de laranja no cinturão formado por São Paulo e Minas Gerais de fato resultará na recuperação dos estoques de suco brasileiro nas mãos das grandes empresas exportadoras (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus), que lideram os embarques globais. Foi a forte queda desses estoques que levou as cotações a máximas históricas no segundo semestre de 2016.

Mas o suco não foi a única “soft commodity” exportada pelo Brasil a perder sustentação em Nova York em maio. Em larga medida em virtude da desvalorização do real – que, teoricamente, estimula as vendas do país no mercado internacional -, café e açúcar também recuaram. De acordo com o Valor Data, a média do café em maio foi 2,91% menor que no mês anterior, e no caso do açúcar a retração foi de 2,72%. A produção brasileira das duas commodities deverá ser menor na safra 2017/18, mas as quedas sinalizadas não têm causado maiores preocupação.

A continuidade da curva descendente das cotações levou suco de laranja e açúcar a registraram as menores médias mensais desde abril de 2016 em Nova York; no caso do café, foi o piso desde maio do ano passado. O algodão também caiu no mês, 1,88% em relação a abril, e atingiu o mais baixo nível desde janeiro. O cacau, por sua vez, ficou praticamente estável, no menor degrau desde outubro de 2007.

Também não houve variações expressivas entre os grãos negociados em Chicago. As pequenas oscilações foram positivas, é verdade, mas soja, milho e trigo continuaram apresentando, em maio, quedas em relação ao mesmo mês do ano passado. O Brasil é o maior exportador de soja do mundo e ocupa a segunda posição no ranking dos embarques de milho. No caso do trigo, é um dos principais importadores.

O trio segue sob forte influência do ritmo de plantio da safra 2017/18 nos EUA. E, apesar das fortes chuvas recentes, os trabalhos têm se desenvolvido, em geral, dentro das médias históricas, conforme levantamentos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Não há, portanto, ameaças aos volumes polpudos que novamente deverão ser colhidos pelos americanos na nova temporada, como não houve em 2016/17. Pelo menos por enquanto.

Valor Econômico

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