ESPECIAL: O mamão no campo – Fitossanidade

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL MAMÃO DO BRASIL (Edição 47 – Dezembro 2021)


O mamão no campo: Fitossanidade

Técnica de roguing é o método mais eficaz de controle das viroses, que tem preocupado setor do mamão

O produtor de mamão que já lida com a cultura há alguns anos sabe que o mamoeiro é uma planta onde se faz necessário estar sempre atento para que ameaças como doenças e pragas não atinjam a plantação colocando todo o investimento empregado na cultura em risco. Por ser uma planta tropical, de grande densidade de plantas por hectare, sua fácil propagação e rápido desenvolvimento, com alta produtividade e produção durante todo o ano, o Brasil se destaca como um dos maiores produtores de mamão do mundo.

E controlar as pragas e doenças no mamão tem sido um dos principais desafios para os produtores dessa cultura. Segundo o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Renan Batista Queiroz, existem poucos produtos registrados para a cultura que são permitidos para os produtores que fazem exportação da fruta. “Algumas pragas como ácaro branco e ácaro rajado já apresentam características de populações resistentes a alguns acaricidas aplicados continuamente. Porém, o uso de produtos biológicos tem aumentado nas lavouras. Essa é uma excelente alternativa no manejo de pragas. Outro fator importante para destacar no manejo fitossanitário é o processo de Minor Crops para o mamão, que tem avançado ultimamente”, diz.

Renan Batista Queiroz, pesquisador do Incaper

Ainda segundo o pesquisador, dentre as novas tecnologias que estão sendo aplicadas para o controle de pragas e doenças, vale destacar o uso desses produtos biológicos. Já em relação à pesquisa, Renan pontuou que trabalhos de pesquisa em formato de rede entre diferentes Instituições (Incaper, UFES, IFES) têm sido feitos para gerar novas tecnologias. “Uma das que podemos citar como exemplo é o uso de novas moléculas no controle de doenças pós-colheita, uso de ácaros predadores, biotecnologias voltadas para o manejo do vírus da meleira, etc. Entretanto, essas pesquisas ainda não foram para o campo visando os resultados práticos”, ressalta.

Para os produtores que passam pelo ataque de viroses comuns, como mosaico e meleira, o trabalho mais indicado é com o controle feito pelo roguing, prática de eliminação de plantas doentes do campo de produção do mamão quando diagnosticado os sintomas, seja da meleira ou mosaico e que deve ser realizada por profissionais fitossanitaristas. “Esse método é o mais eficaz atualmente, inclusive como método legislativo de controle (existe uma lei que exige o roguing no mamão – fiscalizada pelo órgão de defesa do ES, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – IDAF)”, esclareceu o pesquisador do Incaper.

Infelizmente em 2021, de acordo com o pesquisador, todo plantio de mamão no Espírito Santo teve a presença dessas viroses. “É importante deixar claro para os produtores que a partir do momento em que ele inicia o plantio, ele deve ter pessoas treinadas (fitossanitaristas) para identificar os primeiros sintomas nas plantas e efetuar o corte (roguing). Caso não faça isso, sua produção estará comprometida, além da possibilidade de ser penalizado com notificações e, posteriormente, multas”, alertou o pesquisador.

Idaf realiza operações em lavouras do Espírito Santo para identificar se as áreas estão realizando o roguing

O IDAF – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – realiza operações em lavouras de todo o Espírito Santo para identificar se as áreas estão cumprindo as recomendações necessárias e realizando o roguing. O objetivo dessas ações é minimizar os prejuízos decorrentes de viroses que atingem o mamoeiro, como o mosaico e a meleira.

O diretor-presidente do Idaf, Mário Louzada, ressaltou que o instituto desenvolve um monitoramento permanente, mesmo durante a pandemia da Covid-19, com vistoria e coleta de material para análise laboratorial e, quando necessário, implementação do roguing. “É um trabalho conjunto que precisa da atenção do produtor rural e a participação da Brapex, associação do setor. O Idaf está à disposição para orientar no que for preciso, de maneira que não haja impactos negativos, inclusive nas exportações, em que o Espírito Santo lidera o ranking de maior exportador da fruta do País”, afirmou.

Desde o mês de agosto, o IDAF intensificou o trabalho de fiscalização por conta do período de temperaturas mais baixas, que potencializam a disseminação do vírus que atinge as lavouras. O diretor-técnico do Idaf, Fabiano Grazziotti, destacou que a fiscalização é realizada de modo contínuo pelas equipes técnicas, porém, nesta época do ano, é preciso promover um esforço concentrado em toda a região produtora de mamão. “Não há como impedir que esses vírus cheguem às lavouras, mas o controle por meio do roguing garante a produção. É fundamental que os produtores mantenham a rotina de controle, de modo a minimizar os prejuízos”, pontuou.

Segundo o gerente local do Idaf em Linhares, Rafael Braga, “por meio de inspeção visual, os técnicos verificam a presença de sintomas característicos das viroses, como deformação das folhas, com manchas mais claras, estrias nos talos ou manchas nos frutos, no caso do mosaico. Já na meleira, o sintoma mais característico é a presença de látex nos frutos. Se constatada alguma das doenças, os responsáveis são orientados a erradicar a planta doente, uma vez que o vírus só se propaga em organismos vivos”, informou o engenheiro-agrônomo.

Redação Campo Vivo

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