ESPECIAL: Exportações de mamão ganham força nos últimos anos

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL MAMÃO DO BRASIL (Edição 47 – Dezembro 2021)


Exportações de mamão ganham força nos últimos anos

Apesar do baque enfrentado no período da pandemia, ritmo das exportações de mamão do Brasil vem crescendo nos últimos anos com cenário positivo para o futuro

A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) divulgou, em meados do mês de outubro, que o Brasil estava próximo de atingir o primeiro bilhão de dólares em exportações de frutas em 2021. Houve 20% de aumento no volume de frutas exportadas no terceiro trimestre do ano, comparando com 2019. O setor já registrava, no mês citado, o embarque de mais 757 mil toneladas de frutas enviadas para o exterior, com faturamento de 27%. Ainda segundo os dados da Abrafrutas, foram vendidas cerca de 652 milhões de dólares de frutas para o mercado internacional. Desses números, houve aumento de 26% de venda do mamão.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, o aquecimento nas demandas internacionais, principalmente vindas do mercado europeu, é um dos fatores que justifica essa alta performance. A valorização do dólar torna a remuneração bem atrativa o que contribuiu também para estes resultados. “O vento tem soprado a nosso favor, o setor de frutas tem despontado e mostrado o grande potencial. Estamos provando que além de sermos grandes produtores de frutas, podemos ser também grandes exportadores. As nossas frutas são as mais saborosas e de altíssima qualidade, este reconhecimento tem vindo através desses números. Afirmo que a fruticultura brasileira tem potencial para expandir ainda mais e alcançar novos mercados”, disse Guilherme Coelho.

Guilherme aponta ainda a busca por alimentos mais saudáveis como marco neste crescimento. Segundo ele, o mundo tem consumido mais frutas, pois não existe nada mais saudável. “As frutas são ricas em vitaminas e sais minerais, são versáteis, podem ser bem aproveitadas em pratos doces ou salgados. Alimento que tem de todos os sabores, cores e texturas, agradando diversos paladares e gostos. Além disso, produzimos frutas o ano inteiro”, destaca. Para o presidente da Abrafrutas, a meta do primeiro bilhão está próxima e o setor vai comemorar muito, sendo este resultado de muito trabalho e esforço de todos que compõem a fruticultura brasileira, setor dentro do agro que mais emprega e que contribui muito com o desenvolvimento do país.

Rodrigo Martins

O fruticultor e empresário Rodrigo Martins, que trabalha diretamente com mamão, exportando, em média, 15.000 toneladas da fruta por ano, pontua alguns fatores que ainda assim não fizeram com que a cadeia produtiva da fruta tivesse um resultado ainda mais positivo. “O setor do mamão vem sofrendo há praticamente dois anos por conta da chegada da pandemia. No início de tudo isso então, nós sofremos um baque muito forte, pois o nosso produto é 95% exportado por via aérea, então nós dependíamos muito dos voos internacionais para exportar a fruta. Com a chegada da pandemia, esses voos ficaram muito restritos, então tivemos que encontrar outra maneira de exportar a nossa fruta, foi quando recorremos para os voos cargueiros, que tem uma tarifa muito mais alta de serviço. O custo da fruta ficou bem maior e isso no início machucou muito, porque até o mercado exterior acostumar com a fruta mais cara por conta dessas tarifas, altas de frete, isso demorou um pouco”, explica o exportador.

Em 2021, segundo Martins, foi um ano de melhora nesse sentido, pois o número de aeronaves começou a aumentar, não normalizado como era antes da pandemia, mas num volume maior do que o de 2020. “Gradativamente, de acordo com que o mundo vai se adaptando a essa nova realidade, vamos tendo mais ofertas de voos e as tarifas tendem a diminuir. Não sabemos se realmente vai voltar aos mesmos patamares de antes da pandemia, mas acredito que vamos conseguir sim possibilitar aumentos na produção. Nos seis primeiros meses desse ano, conseguimos aumentar 30% da exportação do ano passado que foi o pior ano pra nós. Então acreditamos num bom aumento dos volumes desse ano em relação ao ano passado e em relação aos anos anteriores. Esperamos que a fruta em si venha ganhando mercado ano a ano. Se não fosse a pandemia, posso afirmar que teríamos recorde de vendas tanto em 2020, quanto 2021”, destacou.

Gradativamente, de acordo com que o mundo vai se adaptando a essa nova realidade, vamos tendo mais ofertas de voos e as tarifas tendem a diminui – Rodrigo Martins, exportador de mamão

De acordo com a assessora técnica de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Letícia Fonseca, em 2021 o mercado internacional do mamão, no que se refere à exportação, vem trazendo resultados positivos para o setor. “Quando analisamos o volume exportado parcialmente em 2021 (janeiro a setembro), isso já representa crescimento de 20,7% frente ao mesmo período do ano anterior. Já em relação ao valor, a receita da exportação de mamão teve incremento de 24,6%, influenciado também pelo cambio favorável. Crescimento também é visto frente aos volumes exportados (19,3%) e receita (8,5%) na parcial de 2019 – cenário pré-pandemia”, diz Fonseca.

Letícia Fonseca, assessora técnica de Fruticultura da CNA / Foto: Divulgação

A assessora destacou ainda, que esse crescimento nas exportações, expressa o aumento na demanda pelos mercados compradores, em especial ao se observar que principais mercados compradores são esses. “Hoje os principais destinos do mamão brasileiro são Portugal, Espanha e Países Baixos (Holanda), que somados representam 47,7% do volume exportado em 2021. Já em relação à receita, esses países representam 46,9% na parcial de 2021. Então ao avaliar a expansão da demanda temos incremento em volume para os três destinos, Portugal (29,4%), Espanha (5,7%) e Países Baixos (23,8%). Outros países como Reino Unido (43,7%), Argentina (94,2%) e Itália (59,7%) também apresentaram incremento no volume exportado, ao analisar a parcial 2021 frente ao ano anterior”, disse.

Para o ano de 2022, segundo Letícia, ainda não é possível traçar uma projeção de exportação, já que o mercado é influenciado por fatores nacionais, como oferta e qualidade do fruto, mas também internacionais, haja vista, por exemplo, a produção Europeia. Porém, para a assessora, quando o setor produtivo é analisado, com os investimentos em tecnificação que vêm sendo feitos e qualidade do produto ofertado, é possível observar sim boas expectativas.

Para o Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (BRAPEX), Bruno Roza Pessotti, o aumento do consumo da fruta segue avançando e com isso gerando uma expectativa no produtor de que virão melhorias nos próximos meses. “Nós tivemos um aumento nas exportações de pelo menos 40%, então se exportamos mais, fica menos fruta no mercado interno e consequentemente temos uma certa valorização do nosso produto mediante a essa destinação de boa parte da produção indo para exportação. Esperávamos um início de outubro um pouco melhor, mas com o volume de chuvas que tivemos na região Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo), isso não atingiu essa expectativa que criamos, então não tivemos um estouro de vendas”, destaca.

Para o ano de 2022, o presidente disse que a BRAPEX está montando seu novo Planejamento Estratégico e terá diversas ações a serem executadas. Já está até inclusive avaliando a parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para melhor efetividade das ações que serão realizadas nos diversos níveis do setor, uma vez que a entidade tem um conhecimento e um suporte muito grande nessa parte.

Sobre o processo de fiscalização federal para a exportação do mamão, o superintendente Federal da Agricultura no Espírito Santo, Aureliano Nogueira da Costa, apontou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui uma equipe de três Auditores Fiscais Federais Agropecuários lotados em Linhares/ES. “Esses profissionais estão designados a trabalhar especificamente para o atendimento do plano de trabalho assinado entre Brasil e Estados Unidos da América. As certificações de cargas acontecem diariamente de acordo com as programações de exportação apresentadas pelas plantas habilitadas a exportar mamão para os EUA de acordo com o atendimento ao contido no plano de trabalho aprovado”, explica Aureliano.

Aureliano Nogueira da Costa, superintendente do Ministério da Agricultura no ES / Foto: Divulgação

Ainda segundo o superintendente, do ponto de vista do MAPA, acredita-se que exista a necessidade de um número maior de auditores para a execução das atividades, visando maior agilidade nas fiscalizações das cargas e um melhor controle do atendimento do plano de trabalho estabelecido. “Os produtores vêm se manifestando sobre esse assunto por meio da Associação do setor e reconhecem o esforço, trabalho e a importância do MAPA, e apontam para um grande desafio que é aumentar a capacidade de atendimento do Ministério no programa especial de exportação de mamão para os EUA. Além disso, outro grande desafio apontado por eles é sobre a produção de mamão, que na sua grande maioria está sendo feita pelas produções próprias das agrícolas exportadoras”, destaca.

Aureliano acredita que, em 2022, para o atendimento do programa se manter eficaz e eficiente, isso depende da lotação do número de servidores na unidade de Linhares, para que consigam suprir as demandas constantes e que só aumentam ano a ano. “Como não há perspectiva de novos concursos públicos para auditores do MAPA e sendo o programa um acordo bilateral entre Brasil e EUA, a certificação, obrigatoriamente, deve ser efetuada por auditor fiscal federal agropecuário do MAPA. Os servidores lotados em Linhares estão com tempo para aposentar e podemos ficar em situação mais crítica para atendimento caso algum servidor se aposente no período e não ocorra reposição por meio de concurso público. Tal situação prejudicará toda a cadeia produtiva do mamão exportado para os EUA. A tendência de aumentar a exportação de mamão é uma grande oportunidade principalmente no período pós pandemia da COVID-19, com destaque para o aumento da demanda e do consumo por alimentação saudável e o mamão se destaca nesse quesito tanto no mercado internacional quanto no mercado nacional”, diz o superintendente.

Redação Campo Vivo

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3 Comentários

  1. Sou Clotildes Ramos de Leu, pretendo ficar morando em Cork Irlanda fiquei sabendo que não se acha o mamão que usamos aqui no Brasil, gostaria que algum exportadores explotasse esse mercado tão importante que tal senhores. Será grande valor exportarmos esse nosso fruto tão importante. Desde já agradecida!

  2. LuizAntonio Pereira dos Santos Em

    Moro em Dublim quero vender mamao na irlanda.como consigo isso?quero comprar de vcs.e vender aqui por favor .manda pra mim o.preço da mercadoria.colocada aqui .qual a.quantidade que.compensa pra vcs mandarem.pra.mim..tudo a.respeito.para começarmos a.trabalhar .fico aguardando uma.resposta. obrigado mamao formosa tem aqui Imperial..papaia ainda.nao tem

    • Campo Vivo Comunicações Em

      Boa tarde!
      Você pode entrar em contato com a BRAPEX, que é a Associação dos Produtores e Exportadores de Papaya, que conseguirá lhe fornecer essas informações precisas!

      Obrigado!

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