A uniformidade de floração em cafeeiros é importante, para facilitar a colheita por derriça única, como praticada no Brasil e para a melhoria da qualidade do café, através da colheita de mais frutos no estágio de cereja.
A floração do cafeeiro é um processo que envolve o desenvolvimento das gemas seriadas, a sua entrada em dormência, seguida da quebra dessa dormência, com o desenvolvimento final dos botões e sua abertura. A condição de stress hídrico e, depois, o suprimento de água, por chuvas ou irrigações, favorece a abertura mais uniforme.
A influência da genética e do estado vegetativo dos cafeeiros, sobre a uniformidade da floração, é pouco conhecida. Sabe-se que cafeeiros com fator semperflorens, como o nome indica, florescem o ano todo. Nas cultivares arábicas normais, verifica-se que, em plantas mais compactas e as menos sujeitas a stress hídricos, como na cultivar Catuai, a floração é mais desigualada. Na espécie C. canephora, não é conhecido o efeito da genética ou de características fenotípicas sobre a floração. No Brasil tem-se, em cultivo extensivo, cafeeiros ou clones do tipo Conillon, um robusta oriundo da África seca e outros robustas, caracterizados por folhas maiores e entre-nós mais longos, tidos como oriundos da África úmida, estes últimos usados em processo de melhoramento e, raramente, em plantios comerciais no Brasil
Na presente nota técnica objetiva-se relatar observações de campo, diferenciais quanto ao comportamento da floração, em cafeeiros da cultivar conillon e de outros robustas.
Nos ciclos agrícolas 2014/15 e 2015/16 foram observados aspectos da floração/frutificação em cafeeiros de 2 lotes vizinhos de cafeeiros, da Cultivar Conillon e da Cultivar Apoatã e outros robustas diversos, conduzidos na Fda Sta Helena, em Areado-MG, a cerca de 800 m de altitude. A observação partiu da constatação de que as plantas de conillon sempre resultavam em maturação mais uniforme dos frutos, o que é bem conhecido nas plantações comerciais no Espirito Santo. Por outro lado, no Apoatã e em outros robustas era frequente, no mesmo ramo e, até, na mesma roseta, serem encontrados muitos frutos verdes, junto aos maduros. Diante dessa verificação passou-se a observar o comportamento da floração. Nesse ultimo ano, já a partir de maio-junho de 2016, em observações nos mesmos dois lotes, foram constatadas florações esparsas no Apoatã e em outros robustas e nas plantas de conillon não houve qualquer floração nesse período. Pequena umidade, do ar ou de chuvas finas, já desencadearem florações pequenas nesse tipo de planta, aqui denominado de grupo robusta. De forma bastante diferenciada, os cafeeiros do lote de conillon apresentaram floração uniforme somente em agosto/set.
O comportamento de florações desuniformes, que levam a frutificações com maturação também desigualada, dos robustas, pode estar ligado à sua genética e, ainda, mais provável, à facilidade com que se estressam.
Em conclusão às observações feitas, destaca-se a maior importância de contar, para a região de altitude elevada, como a bacia de Furnas, em Minas, com cafeeiros de cultivares de C. canephora que apresentem florações mais uniformes.
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