Falta de dados sobre estoques privados prejudica cafeicultor, diz corretora

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cafe04 cópiaA falta de dados sobre o estoque privado de café no Brasil preocupa a tradicional corretora e exportadora do grão Escritório Carvalhaes. “O resultado de problemas climáticos em anos de recorde de exportação foi que ficamos com nossos estoques praticamente zerados. Ninguém duvida que devam ser os menores em muitas dezenas de anos mas, infelizmente, por uma estranha coincidência, este ano a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento não divulgou seu levantamento dos estoques privados brasileiros de café em 31 de março”, apontou em um dos informativos que emite semanalmente.

Com sede em Santos, a empresa vem alertando há algumas semanas sobre os problemas que este vácuo de informações pode causar ao produtor. “Essa falha prejudica enormemente o cafeicultor brasileiro e suas lideranças deveriam trabalhar com muita disposição para que esse número seja informado ao mercado o mais rápido possível. É incompreensível a passividade dessas lideranças”, alertou a empresa, que voltou a reforçar no último dia 10 de junho: “Tivemos mais uma semana sem a Conab e as lideranças da cafeicultura brasileira se posicionarem sobre o grande atraso na divulgação dos estoques privados brasileiros de café”.

Capacidade de fornecimento do Brasil
Em entrevista exclusiva ao CaféPoint, Eduardo Carvalhaes, sócio da exportadora e corretora Escritório Carvalhaes, explica que esses estoques, diminuindo tanto o consumo interno como os embarques brasileiros nos meses de abril, maio e junho e somando a previsão de safra para o ano safra seguinte (no caso, ano safra 2016/2017, de 01 de julho de 2016 a 30 de junho de 2017), representam a capacidade total de fornecimento de café pelo Brasil.

“Estamos exportando por ano uma média de 36 milhões de sacas e consumindo pouco mais de 20 milhões de sacas. Portanto, para cumprir seus compromissos de exportação mais consumo interno no ano safra 2016/2017 o Brasil precisará de aproximadamente 56 milhões de sacas entre produção e estoque de passagem (estoque brasileiro de café remanescente no dia 30 de junho)”, afirmou Eduardo Carvalhaes.

De acordo com Eduardo, os números de estoques, somando-se públicos e privados, são de suma importância para a informação de toda cadeia produtiva e, consequentemente tem forte influência no mercado. “A situação deve ser muito apertada, portanto a divulgação desses estoques ajudaria na sustentação dos preços na entrada da nova safra brasileira. É inacreditável que não tenha sido divulgado”, apontou.

Pesquisa de estoques
De acordo com Eduardo, a Conab costuma divulgar os dados, referentes ao volume em estoque no dia 31 de março, em meados de abril. Contudo, apenas em março deste ano a Conab anunciou iniciaria os procedimentos para a realização do levantamento de estoques privados de café 2016, além de iniciar um novo meio para envio da posição do estoque existente nos armazéns pelos participantes: o Sistema de Pesquisa de Estoques Privados (Sipesp), que estaria disponível na internet entre os dias 4 e 22 de abril, para preenchimento.

Segundo a Conab, “O prazo para envio das informações varia. Este ano, foi até 6 de maio. Houve apenas o atraso de uma semana devido à implantação do novo sistema (Sipesp). Este atraso de uma semana não irá interferir nos trabalhos da cafeicultura nacional no âmbito produtivo e de mercado”.

A Companhia informou, ainda, que “Como muitos questionários são enviados pelos Correios, a Companhia está na fase de compilação dos dados, sem data prevista para conclusão dos trabalhos”.

Thais Fernandes

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