O mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) deve continuar pressionado pelas previsões de chuvas intensas nas regiões produtoras brasileiras. A expectativa é com o desenvolvimento da florada nos cafezais, que poderá render uma boa safra no ano que vem.
A Somar Meteorologia prevê chuva forte nesta terça-feira, a qual deve avançar pelo oeste e sul de Minas Gerais e de Mato Grosso, leste e norte de São Paulo, Mato Grosso do Sul e sudoeste de Goiás. A partir de amanhã, “um ciclone extratropical na Argentina reforça ainda mais a chuva sobre o centro e sul do Brasil e a expectativa é de elevado acumulado, especialmente em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais até o dia 9 de outubro”, prevê a Somar.
O diretor de Commodities, Rodrigo Costa, do Banco Société Générale, informa que o Brasil, que é o grande fiel da balança da oferta mundial, está com atenções voltadas para o volume de chuvas que vai cair nos cafezais nos próximos dias. “A continuação das precipitações deve ser o próximo capítulo para definir se Nova York rompe o intervalo de negociação entre 140 cents e 160 cents”, diz ele, em relatório semanal.
Ao mesmo tempo, a exportação brasileira ganha ritmo com o fim da colheita. Ontem a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), informou que a exportação brasileira de café em grão no mês de setembro (21 dias úteis) alcançou 2.755,4 mil sacas de 60 kg, elevação de 4,98% em termos de volume em relação à agosto (2.624,6 mil sacas). A receita cambial foi 8,7% maior, considerando faturamento de US$ 422,2 milhões em agosto passado.
Costa acrescenta que a ponta vendida em café em Nova York aumentou, estando agora em 141.275 lotes, ou 10 mil a menos do maior nível desde 2014. “O recorde histórico é de 176 mil contratos em 19 de fevereiro de 2008″, afirma Costa. A Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC) informou na sexta-feira que fundos de investimento reduziram o saldo líquido comprado em café na semana encerrada terça-feira (27), passando de 39.951 lotes no dia 20 para 37.498 lotes no dia 27, considerando futuros e opções.
O índice do dólar subiu ontem, favorecido por indicadores econômicos positivos nos Estados Unidos. Entre outros indicadores, o índice de atividade dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), subiu de 49,4 em agosto para 51,5 em setembro. Segundo analistas, o mercado ainda aguarda o desenrolar do caso do Deutsche Bank nos Estados Unidos. Na quinta-feira passada, relatos de que fundos estariam retirando seu dinheiro ou desmontando posições junto ao banco deram fôlego ao dólar.
Os futuros de arábica em Nova York trabalharam no terreno negativo em boa parte do pregão de ontem. Os contratos com vencimento em dezembro/16 acabaram fechando com forte queda de 2,64% (400 pontos), a 147,55 cents. O mercado teve máxima de 151,70 cents (mais 15 pontos). A mínima foi de 147,15 cents (menos 440 pontos).
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que as cotações do arábica no mercado físico brasileiro caíram ontem. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, recuou 2,11% nesta segunda, em relação à sexta, fechando a R$ 492,44/saca de 60 kg. Com a forte queda, muitos produtores e comerciantes saíram do mercado.
A restrita oferta de robusta limitou as quedas do tipo 6 e continuou sustentando os preços do tipo 7/8. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima, fechou a R$ 458,12/saca de 60 kg, leve queda de 0,33%. O tipo 7/8, bica corrida, ficou em R$ 448,72/saca de 60 kg, avanço de 0,36% na mesma comparação – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.
Agência Brasil