ARTIGO – Real brasileiro e macro fortalecem e puxam o café

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O banco central chinês diminuiu o depósito compulsório dos grandes bancos do país injetando o equivalente a US$ 105 bilhões na economia e como resultado acabou acalmando os investidores. Nem mesmo a revisão negativa da agência Moody’s para a nota de crédito da China assustou e o premiê Li Keqiang acabou de anunciar seu plano de manter o crescimento de ao menos 6.5% ao ano para atingir o objetivo de dobrar a renda per capita de sua economia – a moeda que se cuide.

Na reunião do G-20 repetiram-se os discursos do compromisso de novos estímulos para o crescimento mundial. Índices de produção de manufaturados das principais economias dão sinais de alerta para uma retomada de aumento do PIB mundial e o Brasil neste campo não para de decepcionar com a confirmação da retração econômica em 2015 em 3.8% negativos.

Nos Estados Unidos a criação de postos de trabalhos em Janeiro foi melhor do que esperada, mas o incremento da renda decepcionou dando fôlego para as bolsas de ações fecharem em altas entre 2% e 5.5% nos dois lados do Atlântico. Destaque mesmo foi da Bovespa que em cinco dias teve um rally de 18% empurrada pela delação de um senador do PT e pela condução de depoimento coercitiva de Lula levando o Real ao mais alto patamar desde setembro de 2015, R$ 3.6559 contra o dólar.

Com este pano de fundo benevolente dezessete das vinte matérias-primas que compõe o CRB subiram – exceção ao suco de laranja, o gado e o gás natural. O contrato de arábica listado pela ICE não fez uma nova mínima na terça-feira por um capricho, ou US$ 0.10 centavos por libra-peso, na sequência recuperando ajudado também por novas posições de fundos que encontraram compras de comerciais – conforme vimos no COT.

A subida do terminal não permitiu a abertura dos diferencias nas origens em função das moedas locais terem fortalecido mantendo um fraco fluxo no físico. Por outro lado a demanda tépida assusta os exportadores e dealers que querem vender café, fazendo muitos participantes ficarem negativos e pouco otimistas com uma sustentação dos preços da bolsa. É natural o psicológico dos produtores, exportadores e traders estar abalado depois de tantas tentativas frustradas de alta de Nova Iorque – para quem gosta de indicadores contrários pode ser um prato cheio.

As chuvas teimam em normalizar no norte do Espírito Santo e em regiões da Colômbia que floraram. Não custa lembra o que tenho dito em minhas palestras, que praticamente apenas três países no mundo têm um potencial de incremento de produção e o clima, no caso de Brasil e Colômbia, e a moeda para o Vietnã, limitam no aumento da oferta, ao passo que o consumo cresce 1.5% ao ano, no mínimo.

A Exportadora de Café de Guaxupé soltou sua estimativa da safra de 2016/2017 prevendo uma colheita de 55.5 milhões de sacas, dividida entre 42.5 milhões de arábica e 13 milhões de conilon. O número é superior aos 50 milhões colhidos no ciclo atual (35 de arábica e 15 de conilon) – segundo a empresa – e está em linha com a percepção do mercado – o que em minha opinião é positivo para os preços e só não ajuda os terminais se o dólar não permitir.

Sazonalmente estamos no período do pico da entressafra e os compradores internacionais mantém suas apostas de um melhor momento no futuro para comprar diferenciais mais atrativos, dada a safra brasileira maior do que a anterior. É compreensível a estratégia, pois estender a cobertura de futuros soa mais razoável já que se tudo der errado o basis não firmará mais do que uns US$ 10 centavos por libra, ou basicamente o movimento de três dias vistos nesta semana do contrato “C”.

Difícil crer que o Real vai conseguir segurar a valorização desta semana, já que nem um milagre consegue resolver os problemas do Brasil no curto e médio prazo. Mesmo assim o interesse de venda dos produtores fica mais distante, eventualmente dando espaço para o mercado stopar as novas posições vendedoras dos fundos e eventualmente forçar a cobertura de vendas daqueles que agora mais do que nunca acham uma “excelente” oportunidade entrar short acima de US$ 120 centavos por libra.

Tecnicamente a semana fechou muito bem, mas precisa de sequência para atrair mais compradores. Eu mantenho meu tom mais positivo para os preços em função do fundamento dar muito mais oportunidades de ganhos em uma alta do que em uma baixa dos atuais patamares – no médio e longo prazo – entretanto no longo-prazo todos estaremos mortos, não é?

 

 

Rodrigo Corrêa da Costa

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