ARTIGO: Agro brasileiro, jogo de xadrez para mestres

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por José Adilson de Oliveira*

O desempenho extraordinário do Agro brasileiro seja ele, de base empresarial ou familiar, nas últimas quatro décadas é incontestável. Os números são muito robustos, seja nas culturas, na produção de fibras, biocombustíveis, pecuária de corte e de leite, produção de frangos e ovos, madeira, na redução do custo da cesta básica, entre outros. A contribuição do Agro para a preservação do meio ambiente graças à tecnologia, não encontra nenhum comparativo no mundo. Somente na produção de grãos, comparando 2020 com 1980, foram poupados mais de 137 milhões de hectares de área natural, o que equivale a quase 40% da área total das 5 milhões de propriedades rurais do Brasil. São façanhas que mereciam ser reconhecidas e aplaudidas, mas a sociedade, não consegue perceber o real papel do Agro em prol da melhoria da qualidade de vida de todos.

Tal fato é agravado pela reverberação das mensagens originadas dos pseudoambientalistas ou dos concorrentes mundo afora, em especial, o bloco de países que não fez o que prega e ainda gasta algo como um bilhão de dólares por dia para subsidiar seus produtores rurais e mantê-los no campo. O sentimento natural é de indignação e revolta com a ingratidão de todos para com essa indústria a céu aberto, que tem salvado o país da bancarrota.

Porém, é preciso profissionalismo nas atitudes, pois se trata de um jogo de xadrez para mestres. As lideranças nacionais já perceberam e afirmam que o futuro do Agro se apóia em três pilares – inovação, sustentabilidade e comunicação. Inovação significa ciência e tecnologia, melhoria no ensino, na pesquisa, assistência técnica e extensão rural. Sustentabilidade, apesar de ser um conceito amplo e genérico, se consagrou no meio ambientalista e o Brasil tem dados consistentes para provar ao mundo que faz isso bem. Os dados de Evaristo de Miranda, pesquisador da Embrapa, confirmadas pela NASA, mostram que a agricultura ocupa apenas 7,8% do território, as florestas plantadas 1,2%, a pecuária tecnificada 13,2%, a pecuária natural 8,0%, totalizando 30,2% do território brasileiro. As cidades e a infraestrutura 3,5%. Portanto, 66,3% do país são cobertos por vegetação natural. Além disso, é preciso registrar que 20,5% das áreas preservadas estão nas propriedades rurais pelas Áreas de Preservação Permanente – APPs e de Reserva Legal – RL, mantidas pelos produtores rurais, sem remuneração da sociedade brasileira e mundial. Como se vê, o país tem argumentos e competência para o jogo de xadrez. O maior desafio é o terceiro pilar – Comunicação, que deve ser profissional e adequada.

O estado do Espírito Santo precisa seguir o mesmo caminho e as lideranças representativas devem se conscientizar de que o mundo atual é de projetos coletivos e de união de propósitos. Governo, Entidades representativas e seus stakeholders (partes interessadas), devem lutar juntos para a conquista do reconhecimento do público urbano sobre o importante papel do Agro. O mundo precisa do Agro brasileiro para alimentar, de maneira sustentável, os atuais 7,7 bilhões de habitantes, mais um bilhão de pessoas que chegarão na próxima década. Porém, os compradores vêm alertando que somente comprarão os produtos que forem produzidos atendendo às suas especificações e exigências, como historicamente aconteceu com os demais produtos do comércio em geral.

É hora de se dinamizar o FOAGRO (Fórum de Entidades Representativas do Agro Capixaba), para combater as mazelas do Agro como por exemplo: reforma tributária, insegurança pública, juros altos e as falhas da comunicação.

Este artigo foi publicado na 45ª Edição da Revista Campo Vivo (Edição Especial)

*José Adilson de Oliveira

Engenheiro Agrônomo e Advogado,

ex-Presidente da Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos – SEEA e

Consultor Técnico da Câmara Especializada de Agronomia – CEAGRO do Crea-ES

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