ARTIGO: A Agropecuária e o Aquecimento Global

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*por Geraldo Ferreguetti

Um dos maiores absurdos derivados da COP 26 que aconteceu em Glasgow – Escócia, foi a culpabilidade dos bovinos pela produção de metano no mundo, chegando ao absurdo de dizer que a produção de metano pelos ruminantes, principalmente os bovinos é maior que a quantidade produzida pelo automóveis que usam combustíveis fósseis, e dão até números: Segundo o Inventário Nacional, o gado bovino responde por um percentual maior dos gases de efeito estufa lançados na atmosfera, do que a queima de combustíveis fósseis.

Esta declaração é de uma irresponsabilidade doentia e revela o quanto a opinião pública nacional e internacional desconhece a realidade do setor agrícola.

Além de uma metodologia de cálculo totalmente equivocada, onde os gases expelidos pelos vulcões e pela decomposição da matéria orgânica em pântanos não entram no calculo pois não são considerados metano de produção antrópica, nunca foi esclarecido qual o método utilizado para medir o metano gerado pelos bovinos.

Dos levantamentos bibliográficos que detalhadamente fiz, não se encontra nenhuma metodologia eficaz para medir os gases advindos do “arroto” e dos “puns” dos ruminantes.

Outro aspecto que os experts no assunto desconsideram é a ação das pastagens fixando o CO2 tanto no solo como na biomassa e que nos leva a uma continha muito simples:

Um bovino adulto, segunda dados da literatura, volto a dizer que não se sabe como chegaram a este número, produz 0,54kg de gás metano por dia, e com os cientistas também afirmam que o CH4 (gás metano), por suas características moleculares tem um poder de aquecimento 23 vezes maior que o CO2, o que nos leva a um total de 12,42 kg de CO2 produzido por um boi diariamente.

Um boi adulto também consome em média de 35 a 40 kg diário de biomassa verde, o nosso capim, que também nos fornece números interessantes:

As Brachiarias, pastagens mais utilizadas no Brasil, possuem cerca de 6% de proteína bruta em sua massa verde e sabemos que e apresentam uma relação C/N de 40:1.

Portanto 35 kg de pastagens correspondem a 2.1 kg de proteína que por sua vez contem cerca de 16% de N em sua composição, totalizando 0,336 kg de N consumido diariamente.

Dado a relação C:N de 40:1, o que equivale dizer que um bovino consome diariamente 13,44 kg de Carbono, tendo, portanto, um balanço positivo, e de quebra ainda produzem carne, leite e muitas divisas e empregos para a nossa população.

Existem vários estudos feitos por profissionais sérios, inclusive da EMBRAPA, que mostram o trabalho da pecuária no sequestro de carbono e com balanço positivo para a natureza, mas o mundo, e infelizmente muitos “patriotas” embarcam nesta falácia penalizando a nossa agropecuária.

Existem casos de atividade pecuária em áreas de pastagens degradadas que o balanço pode não ser este, porém, mesmo com este pequeno percentual de maus pecuaristas a contribuição da pecuária para o aquecimento global, se não é positivo, é o mínimo desprezível.

Patético.

por Geraldo Ferreguetti, Engenheiro Agrônomo

 

A Campo Vivo não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.

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