ESPECIAL – PECUÁRIA DE CORTE

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PECUÁRIA DE CORTE

Investimento em genética é um dos caminhos para os bons resultados na atividade

boi-bortoliniA bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil é dono do segundo maior rebanho efetivo do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças. Além disso, desde 2004 assumiu a liderança nas exportações, com um quinto da carne comercializada internacionalmente e vendida em mais de 180 países.

De acordo com o presidente da Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN), Nabih Amin El Auoar, o principal desafio na criação de gado de corte, atualmente, é produzir bovinos precoces com boa musculatura, acabamento de gordura e que cheguem precocemente ao abate. “Para conseguir tudo isso, devemos investir em melhoramento genético e na intensificação do sistema de produção”, diz.

Em Linhares, na Fazenda Chapadão, de propriedade do empresário Eduardo Lima Bortolini, a cria, recria e produção de touro Nelore P.O e CEIP, com cerca de 850 a 1.100 cabeças/ano, em uma área de 450 hectares, vem apresentando resultados satisfatórios. Com os investimentos em genética há 15 anos consecutivos, o pecuarista vem registrando bons resultados, como índice de prenhes aos 18 meses de novilha nelore na casa dos 70%, ganho de peso nos primeiros 12 meses pós desmama de 9 arrobas nos machos, animais abatidos precocemente com ótima cobertura de gordura e produção de touros efetivamente melhorados, acompanhados e avaliados a nível nacional.

Para Bortolini, nos últimos três anos, o mercado viveu um ciclo pecuário com uma boa rentabilidade para o negócio e a tendência para os próximos anos é de mercado de boi gordo em estabilidade nominal de valor. “O pecuarista que pretende aproveitar a terra em criação extensiva na pecuária, deve se atentar e se preparar para fazer uma transição gradual para o formato semi-intensivo, com a otimização de todo o processo produtivo e de gestão financeira”, destaca.

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Eduardo Bortolini com seus colaboradores na Fazenda Chapadão: investimento em genética há 15 anos

Comparada a outras atividades agropecuárias, a pecuária, segundo Bortolini, é a que tem, na média, uma das menores rentabilidades por hectare. Neste contexto, a eficiência de produção se torna fundamental, independente do sistema a ser explorado (cria, recria, engorda e confinamento). “Só para se ter uma ideia, hoje no Brasil tem propriedades com lucro de R$ 80,00/ha e outras com R$ 800,00/ha sendo que as mesmas podem estar na mesma região com a mesma condição de solo, topografia e clima. Isso, claro, falando em áreas que não tiveram problemas climáticos tão severos como é o caso da nossa região. Mas mesmo assim, quando você consegue ser eficiente na produção, os impactos de uma crise são bem amenizados”, aponta o produtor.

A ACCN orienta aos pecuaristas que ainda não investe na criação de gado de corte, mas tem interesse em entrar nesse mercado, que para entrar neste nicho de mercado é necessário, primeiro, uma boa programação, organização e fazer uma transição gradual, iniciando com pequenos investimentos que irão se avolumando com o desenvolvimento do negócio. A segunda dica é que o produtor deverá avaliar se a sua propriedade possui uma infraestrutura preparada para a criação de gado de corte com currais, balança, troncos de contenção para os animais, embarcadouro, boas pastagens com muitas divisórias, água e sombreamento em cada uma e ainda a mineralização e cuidados com a sanidade animal.

É necessário ainda que o produtor faça uma avaliação da sua propriedade quanto ao tipo de criação: extensiva, semi-intensiva ou intensiva. E por fim, se atuará na área de cria, recria, engorda ou até mesmo no ciclo completo se a logística permitir. Outro fator importante é definir qual será a raça ou raças bovinas utilizadas nesta criação: zebuínos ou cruzamentos industriais. “Para ter sucesso nesse empreendimento é fundamental sempre estudar e ler muito para adquirir conhecimento mais aprofundado sobre o assunto e, se possível, contratar uma assessoria técnica para que seja projetado uma eficaz programação para a propriedade rural para a criação de gado de corte que possa trazer-lhe um retorno financeiro e satisfação pessoal pelo empreendimento realizado”, pondera Nabih El Auoar.

Redação Campo Vivo


Em entrevista para o Programa Campo Vivo, da Rádio Globo Linhares, o diretor da Ordenha Mais, Fabrício Ceolin, falou sobre a tecnologia na produção de leite, principalmente em relação as ordenhadeiras mecanizadas, explicando suas vantagens e recomendações.

Confira:


PECUÁRIA DE LEITE

Grupo Corteletti vira referência nacional na atividade leiteira investindo em genética e manejo do rebanho e investindo na fabricação de leite e derivados

dsc_0471De uma das mais belas cidades do Espírito Santo, localizada na região serrana do Estado, nossa equipe saiu cedo para conhecer a fazenda que hoje se tornou referência em pecuária de leite no Brasil. Alguns quilômetros pela estrada que liga o município de Santa Teresa a São Roque do Canaã e chegamos a localidade de Santa Júlia. É ali que, logo cedo, visitamos a Fazenda Paraíso, do pecuarista e empresário Marcos Corteletti.

Com mais de 50 anos de seleção genética e tradição no mercado de pecuária leiteira, o Grupo Corteletti Fiore comemora a marca de 18 mil litros de produção diária e se posiciona entre os 30 maiores produtores de leite do Brasil. O resultado foi conquistado com um rebanho leiteiro predominante de animais da raça Holandesa e Girolando e uma participação menor das raças Gir Leiteiro e Jersey. “Temos, hoje, 650 vacas em lactação, com média geral de 30 quilos por dia, distribuídas em duas fazendas com confinamento tipo free-stall e uma terceira em semi-confinamento”, diz o pecuarista.

São todos animais com origem na própria fazenda, gerados através da técnica de inseminação artificial e fertlizanção in vitro. “O padrão leiteiro muito forte do plantel Girolando se deve a utilização de rebanhos da raça Holandesa puros de origem, em 50 anos de seleção, e da raça Gir Leiteiro com matrizes oriundas dos melhores planteis do Brasil”, diz Marcos Corteletti.

Mas essa história começou com o pioneirismo do pai de Marcos, o senhor Florentino Nicolau Corteletii que, em 1972, iniciou a seleção de seu primeiro rebanho leiteiro de raça holandesa, com investimento em Free Stall, ordenha mecânica, resfriamento e armazenamento de leite. “Tudo isso porque ele queria beneficiar e envasar um leite com qualidade superior. Ele teve essa visão lá atrás”, lembra Marcos.

Após iniciar os investimentos na seleção genética das vacas, em 1985, Florentino e seus filhos começaram a produção de leite na Estância Paraíso, colocando o Espírito Santo como o quarto Estado do Brasil a produzir leite tipo A. Foi nesse período que surgiu o Laticínios Fiore. Trinta anos depois, além da Estância Paraíso, a estrutura da Fiore está distribuída em mais outras duas Fazendas: a Santo Antônio, na Serra, e a Pindobas, localizada em Venda Nova do Imigrante.

A qualidade do leite e diversos derivados que compõe o mix de produtos do laticínio é resultado do tratamento durante todo o processo. Na Fiore, cada animal é identificado de acordo com seu ciclo reprodutivo e recebe tratamento especial com assistência veterinária diária e alimentação balanceada, que começa pela amamentação com o leite da própria mãe, através de mamadeira, depois feno e ração com ingredientes produzidos nas próprias fazendas da Fiore. O descanso acontece em galpões cobertos e climatizados. “A ventilação no estábulo é 24 horas e banhos a cada oito minutos e antes da ordenha”, diz Marcos. As vacas ainda ficam sobre camas de areia e são ordenhadas três vezes ao dia, às 05, 13 e 21 horas. Para o produtor, todo esse tratamento faz a diferença na produção e qualidade do leite. “Aqui na Fazenda Paraíso temos uma produtividade de 30 quilos/leite/dia no sistema confinamento. No pasto teríamos cerca de 15 quilos diários”, afirma Corteletti.

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Qualidade do leite é analisada em laboratórios por técnicos antes de seguir para linha de fabricação dos produtos lácteos

Qualidade do leite é analisada em laboratórios por técnicos antes de seguir para linha de fabricação dos produtos lácteos

A ordenha é realizada com o auxílio de modernos equipamentos que extraem o leite sem que ele tenha qualquer contato com o ambiente externo. Após a ordenha, o leite é filtrado e resfriado e segue para os tanques de inox até o momento da pasteurização em que são preservadas apenas as bactérias láticas que ajudam a manter o equilíbrio da flora intestinal. Na homogeneização, as partículas de gorduras, submetidas à alta pressão, são transformadas em partículas menores resultando em um leite mais digestivo e saboroso. Todo o processo é monitorado por análises em laboratórios com equipe especializada para garantir a qualidade dos produtos, além de avaliações externas por profissionais da Universidade de São Paulo.

A linha de produção do laticínio cresceu e, atualmente, é modelo nacional. A capacidade de operação é de 50 mil litros de leite por dia, hoje abastecida pela produção própria de 18 mil litros. “Nosso planejamento é preencher essa capacidade sempre com produção própria garantindo o controle da qualidade dos nossos produtos. A característica da empresa é de oferecer produtos frescos direto da vaca para o consumidor”, diz Marcos.

Os produtos da Fiore chegam aos consumidores capixabas, além dos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Planejamento para alimentar gado na seca

A alimentação dos animais da Fazenda Paraíso é composta por ração, feno e silagem, produzida com forrageiras e concentrados. Com o agravamento do problema de falta de água nas propriedades capixabas nos últimos anos, Marcos Corteletti anteviu o período mais critico que poderia vir em 2016 e no final do ano passado, vendo que não conseguiria produzir suas forrageiras em campos de produção próprios devido a seca, adquiriu silagem de fora e fez um estoque que suporta 16 meses para alimentar seu rebanho.

“A seca estava grave já e aqui na região houve um termo que permitia irrigar duas vezes por semana somente. Depois lacraram as bombas de irrigação. Se não faço essa aquisição de silagem planejada minha produção de leite estava lá embaixo, mas ela até subiu. Precisava manter a fonte de renda da fazenda”, explica o produtor.

Transferência de embriões é novidade na fazenda

Recentemente, a Fiore iniciou a venda e transferência de embriões com a inseminação artificial em bovinos com objetivo de gerar um gado da raça holandesa puro para se obter o máximo na produção de leite e na excelência no corte aproveitando o investimento nas biotecnologias de transferência de embriões e de inseminação artificial desde 1972.

Neste processo, novilhas meio sangue recebem embriões já fecundados de vacas holandesas puras resultando em uma rápida reposição do rebanho com excelente genética. A Central de Receptoras de Embriões da Fiore fica localizada na Fazenda Santo Antônio, na Serra. De lá também são fornecidas vacas receptoras para implante de embriões coletados de doadoras do rebanho da própria Fiore ou dos melhores rebanhos do Brasil. “O foco da fazenda hoje é difundir essa genética com a venda de embriões. O produtor só paga pela prenhez”, destaca Corteletti.

Redação Campo Vivo


A pecuária é uma das atividades rurais mais importantes do Estado do logo-pecuariaEspírito Santo. No leite, temos um relevante papel social como geradora de emprego e renda e por envolver a maioria absoluta de produtores de base familiar. No corte, temos resultados econômicos movimentando toda uma cadeia produtiva.

O projeto “Pecuária” vai abordar as oportunidades e desafios do setor pecuário capixaba.

Pecuária em números

A pecuária responde por, aproximadamente, 25% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Capixaba:

PECUÁRIA DE CORTE: O ES detém um rebanho de 1,4 milhão de cabeças. Em 2014, o Espírito Santo registrou um abate inspecionado de 378.432 cabeças. A taxa de abate gira em torno de 29%.

PECUÁRIA DE LEITE: O Estado possui 32 mil propriedades com atividades de pecuária, sendo 14.500 produzindo leite. Por dia são produzidos 1,33 milhões de litros de leite, uma produção, que anualmente, rende cerca de 485 milhões litros.

Redação Campo Vivo

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