Pesquisa desenvolve banana mais resistente à Sigatoka-negra

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banana sigatoka-negraUma nova cultivar de banana é a mais recente aposta da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) para alavancar o crescimento da cultura no Pará, o maior produtor da Região Norte e o quinto maior do País. Desenvolvida em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental, a BRS Pacoua é moderadamente resistente à Sigatoka-negra, principal doença que atinge a cultura, e se destaca por apresentar ciclo de produção em menor tempo e maior número de frutos por cachos quando comparada à Pacovan, a cultivar mais utilizada e aceita no Norte do Brasil e altamente suscetível a referida doença, fato que tem inviabilizado o seu cultivo em algumas áreas do Norte brasileiro.

Devido à moderada resistência à Sigatoka-negra, a BRS Pacoua tem potencial para minimizar os danos à cultura e permitir que o produtor cultive a fruteira e consiga elevar a produtividade, trazendo maior rentabilidade à sua propriedade e melhor qualidade de vida. Sua produtividade é superior à da Pacovan que, devido à suscetibilidade às principais doenças, raramente atinge 15 toneladas por hectare no Estado do Pará.

“Ela é bem mais precoce do que a Pacovan em termos de produtividade. Com a Pacovan, colhe-se o primeiro cacho em torno de dez a 12 meses, e com a nova cultivar se consegue acelerar a colheita em torno de dois a três meses. Mas é claro que isso depende muito do manejo que o produtor faz. Quando o produtor é mais tecnificado, o ciclo tende a ser menor”, destaca Edson Perito Amorim, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura e líder do Programa de Melhoramento Genético de Banana e Plátanos da Embrapa.

De acordo com os dados colhidos nos experimentos montados no Pará, a BRS Pacoua tem potencial de produzir até três vezes mais que a Pacovan. “Temos dados de cachos pesando até 20 quilos no caso da BRS Pacoua enquanto da Pacovan chegava a algo em torno de seis, sete quilos. São quase três vezes mais, no mesmo ambiente”, assegura Amorim. Uma vantagem da BRS Pacoua diz respeito ao formato dos frutos são retos e uniformes, o que facilita a arrumação das pencas nas caixas e posteriormente a formação dos buquês nos pontos de vendas em supermercados, principalmente.

Melhoramento preventivo reduz disseminação de doença da banana

Diz o ditado popular que é melhor prevenir do que remediar. E foi na linha do melhoramento preventivo que a Embrapa resolveu, em 1982, atacar um dos mais graves problemas da cultura da bananeira e que fatalmente chegaria ao Brasil, a Sigatoka-negra. Causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, a doença já estava ocorrendo na América Central e em alguns países da América do Sul, o que facilitaria sua entrada pela região Norte.

O engenheiro-agrônomo Sebastião de Oliveira Silva, ex-pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura responsável pelo Programa de Melhoramento Genético da Banana naquele período, lembra o início do trabalho preventivo. “A Inibap (Rede Internacional para o Desenvolvimento das Bananas e Plátanos, hoje Bioversity Internacional), ligada à FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), à qual também estamos ligados, provocou esse trabalho”, explica.

Segundo Oliveira, sabendo que um dos grandes problemas do País seria a Sigatoka-negra, a Embrapa conseguiu, associada à Inibap, testar alguns genótipos fora do Brasil. Os híbridos foram enviados não só para a Costa Rica, mas para diversos países onde a Sigatoka-negra era um problema. “Nós precisávamos saber se eles realmente seriam resistentes, mas, não tendo a doença aqui, era impossível fazer essa avaliação”, lembra.

Melhoramento

O programa de melhoramento da Embrapa Mandioca e Fruticultura era recente – teve início em 1982 – e recebeu apoio substancial da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) tanto na indicação e contratação de consultores, quanto na organização das viagens nacionais e internacionais de coleta de germoplasma – uma amostra de variedades de uma mesma espécie de planta.

Cada amostra coletada é chamada de acesso e incluída no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) visando preservar a ampla variabilidade genética desses materiais para estudos atuais e futuros. Indispensável para a geração e o melhoramento de variedades, o BAG de banana da Embrapa Mandioca e Fruticultura tem 370 acessos, é o maior da cultura no Brasil e o segundo maior do mundo.

Embrapa

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